Filme do Dia: Todas as Noites às Nove (1967), Jack Clayton

 


Todas as Noites às Nove (Our Mother´s Home, Reino Unido, 1967). Direção: Jack Clayton. Rot. Adaptado: Jeremy Brooks & Haya Hereret, baseado no romance homônimo de Julian Gloag. Fotografia:  Larry Pizer. Música: Georges Delerue. Montagem: Tom Priestley. Dir. de arte: Reece Pemberton. Cenografia: Ian Whittaker. Figurinos: Sue Yelland. Com: Dirk Bogarde, Margaret Brooks, Pamela Franklin, Louis Sheldon Williams, Mark Lester, John Gukolka, Phoebe Nicholls, Gustav Henry, Parnum Wallace, Anette Carell, Yootha Joyce.

Numerosa família de crianças decide levar a vida como se nada tivesse ocorrido após a morte de sua moribunda mãe (Carell), com medo de serem enviadas ao orfanato. Jiminee (Lester), consegue forjar a assinatura da mãe para que recebam todo mês o dinheiro que os mantém. Tudo vai relativamente bem, até o surgimento da Sra. Quayle (Joyce), que prestava serviços para a falecida.  E posteriormente do péssimo pai Charlie Hook (Bogarde), que só pensa em gastar o dinheiro da esposa falecida, e se embebedar e trazer mulheres para a casa. Hook acaba dividindo as crianças. A mais velha, Elsa (Brooks) o aceita incondicionalmente. Diana (Franklin), desconfia de seus modos desde o início. Hook acabará demonstrando sua verdadeira face diante de todos e quando vilipendia à memória da mãe, é morto por uma das crianças, que abandonam a casa.

É evidente que Clayton, cineasta de poucos filmes, tentou capitalizar aqui em cima de seu filme hoje mais lembrado, o atmosférico e sombrio Os Inocentes (1961). Como naquele, o tom fabular se sobrepõe ao realista, mesmo que tampouco este seja esquecido de todo. Porém, sua empreitada aqui é dificultada pela ausência de uma criação atmosférica equiparada (algo que em grande parte se deve a magnífica fotografia em preto&branco daquele) e pela sempre arriscada aposta em um elenco eminentemente infantil. Ou ainda a ausência do talento visual que impregna obras como O Mensageiro do Diabo (1955), de Laughton. Demasiado dependente dos diálogos, falta inclusive o silêncio enquanto marcação rítmica-dramática da narrativa. A auto-gestão infanto-juvenil da residência, que antecipa uma relação desfavorável sob o comando adulto, tampouco deve ter deixado de capitalizar em cima do ideário progressista da época – seu flagrante dos garotos fumando ou folheando uma playboy parecem antecipar ambiente semelhante, ainda que assistido pelos pais, de Domingo Maldito (1971), de Schelsinger. Sua contenção evita o grotesco e a caricatura explícita que realizadores contemporâneos, tais como Aldrich, tratariam o tema.  Filmways Pictures/Heron Films Pictures/MGM British Studios para MGM. 104 minutos.

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