Filme do Dia: O Poder dos Sentimentos (1983), Alexander Klüge
O Poder dos Sentimentos (Die Macht der Gefühle, Alemanha, 1983).
Direção e Rot. Original: Alexander Klüge. Fotografia: Werner Lüring &
Thomas Mauch. Montagem: Carola Mai & Beate Mainka-Jellinghaus. Com:
Hannelore Hoger, Alexandra Klüge, Edgar M. Böhlke, Klaus Wennemann, Beate
Holle, Suzanne von Borsody, Barbara Auer, Uwe Karsten Koch.
Narrativa conscientemente difícil e
pouco preocupada com qualquer tipo de concessão ao grande público, de um realizador
referencial do Novo Cinema Alemão (não
chega a ser tão interessante quanto o filme que realizaria imediatamente
depois, O Ataque do Presente contra o
Restante do Tempo), trazendo duas das atrizes de seus filmes provavelmente
mais célebres, produzidos no auge do movimento, sua irmã Alexandra Klüge (de Despedida de Ontem, de 1966) e
Hannelore Hoger (de Os Artistas no Centro do Picadeiro: Perplexos, de 1968). Aqui, a mescla de mais diversos
enredos, sem preocupações maiores de continuidade com uma mistura de materiais
diversos – existem inserções tanto de imagens documentais como de ficções
famosas tais como Os Nibelungos, de
Lang, torna-se bastante próxima da efetuada até hoje por Jean-Luc Godard, de
quem o cineasta sofreu notória influência. A certo momento, observamos uma
mulher que tenta o suicídio e é salva por um desconhecido que acaba abusando
sexualmente dela. No tribunal, no entanto, ela acha que tal fato é irrelevante
diante do fato do homem que a amava a ter abandonado. Próximo ao final, um
outro núcleo parece demonstrar um certo esboço de narrativa convencional, com
dois casais de jovens que enfrentam de uma maneira ou outra situações de
marginalidade, após muitos momentos em que o filme se detem sobre os ensaios da
montagem de uma ópera e chega a filmar um depoimento de um de seus pretensos
encenadores. O resultado final, onde mais uma vez o cineasta parece
desconstruir situações eminentemente melodramáticas, torna-se prejudicado pela
excessiva aridez auto-imposta. 115 minutos.
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