Filme do Dia: Meio-Dia (1969), Helena Solberg
Meio-Dia (Brasil, 1969). Direção,
Rot. Original: Helena Solberg. Fotografia: José Marreco. Com: João Farkas.
Garoto
(Farkas), muitas vezes prefere gazetar que ir a aula. Numa de suas andanças,
tenta jogar bola com outros garotos, mas é impedido por um tipo maior que ele,
e desconta sua raiva chutando um cachorro do mesmo, e sendo perseguido por
este. Às margens do rio, joga seus livros didáticos nas águas, após folheá-los.
Na escola, a partir de determinado momento, as crianças reagem contra tudo que
se encontra no ambiente, atacando o professor, jogando seus livros didáticos e
destruindo as carteiras. Os estudantes se armam de paus e pedras e matam o
professor.
Quase
todas as crianças se sentem incomodadas com a presença da câmera em uma cena
filmada em sala de aula, nesse curta que traz alguns acordes de É Proibido
Proibir, canção que faz uma ponte entre a rebeldia do garoto e os eventos
estudantis, que tiveram como maior destaque a França no ano anterior (e cujo um
dos grafites mais célebres foi justamente a frase que virou canção de Caetano).
As referências à ditadura, que começava a viver seu auge repressivo, também se
encontra disposta em um grafite em um muro no qual o garoto se encosta. O tema
de Caetano retorna, agora com trechos de sua letra, enquanto os estudantes se
alvoroçam em movimento coletivo. Ainda que sua leitura seja muito mais
alegórica que propriamente realista (tal como a do contemporâneo ...Se,
de temática semelhante, e tal como esse, também influenciado por Zero em Conduta, o clássico de Jean Vigo), não deixa de ser um tanto chocante
observar o professor morto e ensaguentado após o motim; sob chave similar
Herzog aborda a violência em uma instituição de pouca porosidade ao mundo em
seu Tambem os Anões Coemçaram Pequenos. 10 minutos.
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