O Dicionário Biográfico de Cinema#115: Louella Parsons e Hedda Hopper
Louella Parsons (Oettinger) (1881-1972), n. Freeport, Illinois; e Hedda Hopper (Elda Furry) (1885-1966), n. Hollidaysburg, Pensilvânia
Pessoas consideraram uma vez Hedda e Louella como uma grande rivalidade - como Robinson e La Motta por cinco ou seis anos, vitais para a circulação da guerra entre jornais de Los Angeles. No entanto, em retrospecto, realmente, funcionam melhor da forma como nos referimos a elas: como um conjunto, duas velhas, mexeriqueiras extravagantemente vestidas (um pouco como dálias maltratadas pela chuva), que precisavam uma da outra. De fato, Hedda estudou Louella e depois criou a concorrência. Mas se você fosse contar a história delas hoje, precisaria ser um amante cúmplice de Louella, cuidando de todo o furor.
Louella indicou o caminho (era a mais velha das duas, que mentia a respeito de suas idades), mas era a menos esperta - ccomo se houvesse muito a ver com isso, ou como se seus escritos fossem recomendados por sagacidade ou visão. Mas Louella frequentou o ensino médio em Dixon, Illinois (algo que um nativo da cidade, Ronald Reagan, posteriormente cultivaria) e foi repórter adolescente do jornal local, antes de se casar com John Parsons (em 1905), e ter uma filha, Harriet, que seria sua assistente e substituta.
Houve um rápido divórcio, e foi como mãe solteira que a Sra. Parsons tentou escrever roteiros para os estúdios Essanay, de Chicago, e depois fez parte do Chicago Record-Herald. Teve uma ideia brilhante: como as celebridades em formação ao redor do país paravam por duas horas em Chicago, entrevistava-as. Em 1918, uniu-se ao New York Morning Telegraph, casou-se outra vez (com Jack McCaffrey) e teve um rumoroso caso com o líder sindical Peter Brady.
O que mudaria tudo foi sua entrada no New York American, de William Randolph Hearst, em 1923, por 250 dólares semanais, para escrever sobre entretenimento. A lenda, e o divertido filme de Peter Bogdanovich The Cat's Meow [O Miado do Gato] (no qual Jennifer Tilly fez um bom trabalho como Louella), oferece a narrativa que Louella estava no iate de Hearst, quando Thomas Ince morreu (em 1924), que tinha informações privilegiadas sobre o escândalo, e assim assegurou sua posição nos jornais de Hearst.
Pode ter ajudado, mas o contrato de Louella fora anterior, e ela pagou suas dívidas bajulando Marion Davies. E é verdade que em 1925 Louella adoeceu de tuberculose e que Hearst pagou sua recuperação. Um ano depois, insistiu que ela fosse a Los Angeles (em outras palavras, ela ainda publicava de Nova York, em 1924). E assim começou o império dela: sete colunas semanais para o L.A. Herald Examiner, mas um programa de rádio, que no auge possuía um acordo de distribuição para mais de 370 jornais.
Era os idos dos anos 30, antes que Hedda Hopper irrompesse na vida de Louella. Em 1913, Hedda havia casado com DeWolf Hopper: ela era uma dançarina da Broadway, ele um ídolo das matinês. Juntos, em 1915, foram a Hollywood: ele se uniu a Triangle e ela iniciou uma carreira como atriz que facilmente durou mais que o casamento (findo em 1922). Por uns poucos anos foi atriz principal, mas então felizmente aceitou papeis como coadjuvante e continuou obstinadamente até o final dos anos 30. Se eu pulo títulos, é porque ela não está nesse livro como atriz.
Porém, não era nenhuma tola, e tinha consciência o suficiente para saber que em Hollywood então, informação possuía o seu valor. Tornou-se uma das fontes de Louella, e foi capaz de observar e aprender com a rotina da mais velha. Em 1936 iniciou um programa de entrevistas no rádio, e em 1938 promoveu-se a si própria a um emprego no Los Angeles Times que rapidamente fez dela uma equivalente de Louella, ou rival.
O que as duas faziam? Essencialmente, jogavam com os estúdios. Estes reconheciam que elas poderiam ser importantes e ricas peças da máquina publicitária, comandando entrevistas com estrelas, perfis, e trazendo "segredos" de suas vidas privadas. Reza a lenda que frequentemente enraiveciam as estrelas com suas indiscrições mas, na verdade, penso que é mais próximo do real (como jornalistas), que fossem notáveis pelas histórias que enterraram, pelas feias verdades que foram preparadas a ignorar. Por, mais ou menos, seu poder coincidir com o sistema de contratos, uma parte do qual era as "cláusulas morais" - uma advertência geral que qualquer comportamento fora dos padrões ou impróprio poderia encerrar uma carreira.
O que elas e pessoas como o chefe de publicidade da MGM Howard Strickling sabiam é outra coisa - essa é a história perdida de Hollywood. Mas Louella e Hedda foram escritoras que deixaram um legado no pouco que era impresso que podia ser confiável nos jornais de L.A. e nas revistas de fãs. Eram parceiras com a máquina publicitária em divulgar um retrato que se adequava aos estúdios. Dificilmente lidavam com negócios, ou dinheiro, e nunca ofendiam os poderes reais. Se colhiam uma estrela, era um sinal de que o número da estrela estava em alta. Em outras palavras, ajudaram a erigir uma barreira que sempre protegeu Hollywood de nosso escrutínio.
A imprensa de fofocas hoje é de longe mais áspera. (Ambas foram senhoras que cresceram na era vitoriana.). Mas não há um sistema de contratos, e então cada estrela necessita contratar uma agência - como a PMK - para divulgar publicidade ou protegê-la. A manipulação ou impressão de verdade - chamamos de pirueta - é uma verdadeira arte americana, muito negligenciada, e é discutível que tenha se dado no mundo do espetáculo antes de ter se iniciado na política.
Mas nesses dias o público adquiriu um crescente gosto pelo comportamento vil ou mesmo criminoso das estrelas. Hedda e Louella tinham por certo que os filmes eram bons para os negócios e para a América, e gostavam de causar transtornos aos outros.
Hedda é semi-famosa por suas aparições, procurando sujeira, ao final de Sunset Boulevard [Crepúsculo dos Deuses] (50, Billy Wilder), e ainda fez uma aparição final em The Oscar [Confidências de Hollywood] (Russell Rouse, 66). Teve um filho, William Hopper (interpretou Paul Drake em Perry Mason e foi o pai de Natalie Wood em Rebel Withou a Cause [Juventude Transviada]), tendo sido dito que foi espião de sua mãe. Morreu sem ter visto Bonnie and Clyde [Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas], Easy Rider [Sem Destino], ou intrusões piores no entretenimento saudável. Louella esmoreceu em 1962, quando o Herald Examiner se fundiu a outro jornal. Passou seus últimos anos silenciosa, em um asilo em Santa Monica, pago pelo dinheiro de Hearst.
Ninguém as lê hoje. Ninguém, tampouco, iria a seus arquivos, como fonte de material confiável. Louella, celebremente, lidereou a campanha contra Citizen Kane [Cidadão Kane], e este tem sido o filme mais admirado por meio século. Quanto a feridas, suspeito que Pauline Kael arranhou mais os sentimentos hollywoodianos, e nunca usou um alfinete de chapéu - sequer utilizava chapéus.
Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. Nova York: Alfred A. Knopf, pp. 2029-32.
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