Filme do Dia: Amanda (2018), MIkhaël Hers

 



Amanda (França, 2018). Direção: Mikhaël Hers. Rot. Original: Maud Ameline & Mikhaël Hers. Fotografia: Sébastien Buchmann. Música: Anton Sanko. Montagem: Marion Monnier. Dir. de arte: Charlotte de Cadeville. Figurinos: Caroline Spieth. Com: Vincent Lacoste, Isaure Multrier, Stacy Martin, Ophélia Kolb, Marianne Basler, Jonathan Cohen, Nabiha Akkari, Greta Scacchi.

David Sorel (Lacoste), 24 anos, é próximo da irmã, Sandrine (Kolb) e de sua filha, Amanda (Multrier). Eles levam uma vida simples, com os estresses e prazeres habituais. Sandrine é professora de inglês. David poda árvores em um programa da prefeitura e participa de um negócio algo escuso de aluguel por curta temporada, sobretudo para migrantes. Uma das que aluga um local próximo a ele é Léna (Martin) e uma atração acontece entre ambos. Léna, que é música, pretende dar aulas de piano para a pequena Amanda, de oito anos.  Certo dia, quando passeava de bicicleta esse mundo vira de ponta-cabeça. Ocorre um massacre em um parque. Léna é ferida levemente, mas Sandrine é morta. Confuso, ao mesmo tempo lidando com sua dor pela perda da irmã, David também terá que lidar agora com a pressão de ter que cuidar de sua jovem sobrinha. Léna, demarca distância dele após o atentado e tem planos de voltar a morar com a mãe na província de onde viera. Sandrine havia comprado passagens para os três assistirem jogos de Wimbledon. Em Londres, David trava conhecimento com uma mãe distante, que não os criou, Alison (Scacchi).

Hers, cujo interesse pelo tema da perda inesperada em família se apresenta no seu longa anterior (Aquele Sentimento do Verão, de 2015), consegue operar com singeleza e mantendo-se como observador dos atos exteriores de seus personagens e das maneiras de tentarem vivenciar a dor e o sofrimento sem se fecharem ao teatro das relações sociais cotidianas, ainda que eventualmente desmoronando quando menos esperam. Trata-se de um filme sobre a crescente aproximação entre David e Amanda, unidos pela dor da perda da irmã/mãe e também pela necessidade de apoio para seguir em frente. E, se o primeiro movimento de ambos é de recuo e até mesmo certa hostilidade, aos poucos a confiança e o aprendizado cotidiano do viver vai suavizando. Se o filme não fecha exatamente com convenções típicas de um final feliz, como é o caso da relação entre David e Léna, sinaliza fortemente nesse sentido nos termos da relação mais importante em questão, além de sinalizar discretamente para algo do tipo no que diz respeito a David e sua mãe. Por vezes certos tropos audiovisuais, regados a uma algo dispensável trilha musical, soam desnecessários e o mesmo pode ser dito da conquista da confiança de Amanda, que poderia ter mais idas e vindas. Interpretações à altura do seu tom de crônica realista-sensível de um evento traumático, sendo talvez a breve descrição do mesmo um dos momentos em que o filme mais foge do lugar-comum – tudo é representado da forma menos voyeurística ou sensacionalista possível, mais como o desnorteio imediato que qualquer clímax dramático. Nord-Ouest Prod./Arte France Cinéma para Pyramide Distribution. 107 minutos.

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