O Dicionário Biográfico de Cinema#142: Joseph L. Mankiewicz




Joseph L. (Leo) Mankiewicz, (1909-93), n. Wilkes-Barre, Pensilvânia

1946: Dragonwyck [O Solar dos Dragonwyck]. 1947: The Late George Apley [Tenho Direito ao Amor]; The Ghost and Mrs. Muir [O Fantasma Apaixonado]; Somewhere in the Night [Uma Aventura na Noite]. 1948: Escape [Homem em Fuga]. 1949: A Letter to Three Wives [Quem é o Infiel?]; House of Strangers [Sangue do Meu Sangue]. 1950: No Way Out [O Ódio é Cego]; All About Eve [A Malvada]. 1951: People Will Talk [Dizem que é Pecado]. 1952: Five Fingers [Cinco Dedos]. 1953: Julius Caesar [Júlio César]. 1954: The Barefoot Contessa [A Condessa Descalça]. 1955: Guys and Dolls [Eles e Elas]. 1958: The Quiet American [O Americano Tranquilo]. 1959: Suddenly Last Summer [De Repente, no Último Verão]. 1963: Cleopatra [Cleópatra]. 1967: The Honey Pot [Charada em Veneza]. 1970: There Was a Crooked Man [Roubou, Mas Fez...]. 1972: Sleuth [Jogo Mortal].

O primeiro emprego de Mankiewicz foi para o The Chicago Tribune, em Berlim, em 1928. Enquanto lá esteve, também trabalhou para a UFA com legendas, e em 1929 voltou à América, para juntar-se ao seu irmão mais velho, Herman, em Hollywood. Lá trabalharam em diálogos, titulações e adaptações: River of Romance [O Rio do Romance] (29, Richard Wallace); Thunderbolt [O Homem de Mármore] (29, Josef von Sternberg); Fast Company [O Prêmio do Campeão] (29, Edward Sutherland); e The Saturday Night Kid [Uma Pequena das Minhas] (29, Sutherland). Dentro de poucos anos, tornou-se um dos principais roteiristas da Paramount: Slightly Scarlett (30, Louis Gasnier); The Social Lion [Leão da Festa] (30, Sutherland); Skippy (32, Norman Taurog); Million Dollar Legs (32, Edward Cline); This Reckless Age (32, Frank Tuttle); e Alice in Wonderland [Alice no País das Maravilhas] (33, Norman Z. McLeod). Mudou-se então para a MGM e roteirizou três filmes de W.S. Van Dyke: Manhattan Melodrama [Vencido pela Lei] (34); Forsaking All Others [Quando o Diabo Atiça] (34) e I Live My Life [Só Assim Quero Viver] (35).

Em 1936 foi promovido a produtor e fez uma auspiciosa, ainda que não característica, estreia com Fury [Fúria] (36, Fritz Lang). Após, seus créditos incluem: Three Godfathers [Três Padrinhos] (36, Richard Bolelavsky); The Bride Wore Red [Felicidade de Mentira] (37, Dorothy Arzner); Mannequin [Modas de 1934] (38, Frank Borzage); The Shopworn Angel [O Último Beijo] (38, H.C. Potter); Three Comrades [Três Camaradas] (38, Borzage), o filme no qual rejeitou diálogos de Scott Fitzgerald e provocou o clamor: "Pode um produtor estar equivocado?"; The Shining Hour [A Mulher Proibida] (38, Borzage); The Adventures of Huckleberry Finn [As Aventuras de Huck] (39, Richard Thorpe); Strange Cargo [Almas Rebeldes] (40, Bozarge); The Philadelphia Story [Núpcias de Escândalo] (40, George Cukor); e Woman of the Year [A Mulher do Dia] (42, George Stevens). Em 1943 mudou-se para a Fox para escrever e produzir The Keys of the Kingdom [As Chaves do Reino] (44, John M. Stahl) e, após a guerra, permaneceu no estúdio e se tornou diretor. 

Ainda que tivesse somente trinta e cinco anos, é notável o quão demorado Mankiewicz escolheu, ou foi feito escolher, esperar antes de dirigir. É o clássico exemplo de roteirista-produtor que dirige quase porque não há ninguém ao redor para fazê-lo; de fato, sua estreia, o bobo, mas florido, O Solar dos Dragonwyck, surgiu com a última mazela de Ernst Lubitsch. Levou cinco filmes para que descartasse os piores defeitos de um treinamento em diálogos e construção. Tenho Direito ao Amor, por exemplo, é um filme absurdamente prolixo e maneirista. Mas as virtudes de Mankiewicz sempre foram literárias: podia lidar com histórias complicadas envolvendo flashbacks, monólogos interiores, meia-dúzia de personagens e tramas intricadas - Quem é o Infiel?; A Malvada; Cinco Dedos; A Condessa Descalça; escrevia diálogos sarcásticos e inteligentes, geralmente baseados na irônica figura central, capaz de comentar sobre a vida que observava: George Sanders em A Malvada, James Mason em Cinco Dedos, e Bogart em A Condessa Descalça.

Antes de tudo criava uma atmosfera de ribalta, um pequeno admirador de Bernard Shaw na forma como arranjava a ação para um público. Foi frequentemente o suficiente que situações pungentes, diálogos engenhosos e interpretações sagazes escondessem  sua indiferença para como o filme se apresentava ou sua inabilidade para revelar às profundidades emocionais para além dos diálogos. O arranjo, seu grande ativo aos olhos de Hollywood, foi seu mais grave obstáculo artístico. Ele limita A Malvada e Cinco Dedos a entretenimentos astutos e o deixaram perdido com as demandas maiores de O Americano Tranquilo e De Repente, no Último Verão. Há algo triste, mas decisivo, sobre a forma como um profissional foi chamado para salvar Cleópatra, e ao enfatizar as falas, apenas tornou a opulência visual ainda mais sem sentido. Somente se pode imaginar o que Mamoulian - o diretor original de Cleópatra - teria realizado com tanto dinheiro, para compreender as fraquezas de Mankiewicz. Eles e Elas é um filme prazeiroso com canções, mas desafiadoramente destituído de humor; A Condessa Descalça é algo superestimado. Dizem Que é Pecado um veículo soberbo para Cary Grant, demosntrando toda a destreza e moderação de Mankiewicz. Mas Jogo Mortal é um grotesco retrocesso à teatralidade, indicativo da prontidão de Mankiewicz de ser enganado pela esperteza. 

Isso dito, no início dos anos 50 Mankiewicz era o epítome do entretenimento inteligente. Ganhou o Oscar de melhor diretor e melhor roteiro dois anos seguidos, por Quem é o Infiel? e A Malvada, e o último ganhou melhor filme. Além disso, Mankiewicz era um falastrão, cheio de grandes anedotas e magnífcas indiscrições, nem sempre confiáveis, mas geralmente mordazes. Podia explicar tudo, menos a ausência de temas fortes em sua própria obra.

Texto: Thomson, David. The New Biographical Dictionary of Film. N. York: Alfred A. Knopf, 2014, pp. 1688-90. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar