Guia Crítico de Diretores Japoneses#7: Kō Nakahira

 NAKAHIRA, Kō



(3 de janeiro de 1926-11 de setembro de 1978)

中平康

Um talentoso, ainda que frustrantemente não realizado de todo diretor, Nakahira foi assistente no aprendizado ortodoxo da Nikkatsu e Shochiku para diretores como Keisuke Kinoshita, Akira Kurosawa, Minoru Shibuya, Tomotaka Tasaka, e Kaneto Shindō.  Este treinamento clássico foi desmentido pelo frescor de seu longa de estreia, Kurutta Kajitsu (Paixão Juvenil, 1956), um seminal melodrama taiyōzoku (tribo do sol), baseado em um romance de Shintaro Ishihara sobre rivalidade fraterna, ambientado entre a rica e irresponsável juventude après-guerre da costa de Shōnan. As locações das filmagens, a imagística sensual e um olho para o detalhe significativo deram ao filme um realismo físico que compensou bastante os aspectos exagerados da trama, tais como o famoso clímax em uma lancha. 

Diversos outros filmes inicais de Nakahira na Nikkatsu conquistaram alguma recepção crítica favorável. Dentre eles Bitoku no Yoromeki (O Homem do Vento Cortante, 1957), baseado em um romance de Yukio Mishima, e novamente elogiado pelo frescor do toque; Shiki no Aiyoku (Four Seasons of Love, 1958), um riff satírico sobre o gênero haha-mono no qual o comportamento livre de espírito da mãe enfurece suas puritanas crianças; e Mikkai (The Assignation, 1959), narrativa breve e brutal de um caso fatal entre uma mulher casada e um estudante. Crescentemente, no entanto, a Nakahira foi atribuído material mais convencional, particularmente thrillers de ação, nos quais a Nikkatsu se especializou nos anos sessenta. Em filmes como Kurenai no Tsubasa (Crimson Wings, 1958), Aitsu to Watashi (Ele e as Universitárias, 1961), e Arabu no Arashi (The Arab Storm, 1961), colaborou com o popular astro durão Yūjiro Ishihara (irmão de Shintarō), que fez sua estreia em Paixão Juvenil. Seu filme mais destacado do período foi talvez Getsuyōbi no Yuka (Monday Girl, 1964), descrito por Steve Higgins como "um retrato astutamente assertivo de uma mulher moderna e sexualmente assertiva" que, com seu estilo, ecoa o de Godard e o de Truffaut, lembrando o status original de Nakahira como um precursor da Nouvelle Vague. 

Por esta época, no entanto, a Nikkatsu não encorajava os interesses de Nakahira em experimentações, e durante o final dos anos 60 passou dois anos em Hong Kong, trabalhando para os Irmãos Shaw, onde novamente dirigiu filmes de ação. Em seu retorno ao Japão, uma produtora independente, para a qual realizou Yami no Naka no Chimimoryo (Soul to the Devil, 1971) e Hensôkyoku (Melody of Love, 1976), ambos filmes sobre temas sexuais, o último filmado em locações européias. O primeiro foi exibido em competição em Cannes, e é possível que Nakahira pudesse ter alcançado uma nova reputação enquanto diretor de filmes de arte, não fosse sua morte prematura. Com exceção de Paixão Juvenil, sua obra permanece virtualmente desconhecida no Ocidente.

1956 Kurutta kajitsu / Crazed Fruit 

Nerawareta otoko / The Pursued Man 

Natsu no arashi / Summer Storm

 Gyūnyūya Furankī / Frankie the Milkman 

1957 Koi to uwaki no seishun techō: Gaitō / Youthful Notebooks of Love and Infidelity: Street Light

 Koroshita no wa dare ka / Who Is the Murderer? 

Yūwaku / Temptation 

Bitoku no yoromeki / The Flesh Is Weak

 1958 Shiki no aiyoku / Four Seasons of Love 

Kurenai no tsubasa / Crimson Wings 

Saijo katagi / The Talented Woman 

1959 Sono kabe o kudake / Break That Wall! 

Mikkai / The Assignation 

 1960 Kyanpasu 110-ban: Gakusei yarō to musumetachi / The Girls and the Students 

 Chizu no nai machi / The Town without a Map 

Ashita hareru ka / Wait for Tomorrow 

 1961 Aitsu to watashi / He and I / 

Arabu no arashi / The Arab Storm 

 1962 Atariya taishō / The Lucky General 

Wakakute warukute sugoi koitsura / The Young, Bad, Great Guys 

Yabai koto nara zeni ni naru / Danger Pays 

1963 Dorodarake no junjō / The Mud-Spattered Pure Heart 

Ore no senaka ni hi ga ataru / With My Back to the Sun 

Gendaikko / Modern Times 

Hikaru umi / Bright Sea 

1964 Getsuyōbi no Yuka / Monday Girl

 Ryōjin nikki / The Hunter’s Diary 

Suna no ue no shokubutsugun / Plants from the Dunes

 Onna no uzu to fuchi to nagare / Whirlpool of Flesh 

1965 Gendai akutō jingi / A Modern Villain’s Honor 

Kuroi tobakushi / The Black Gambler

 Yarō ni kokkyō wa nai / The Black Challenger 

 Kekkon sōdan / Marriage Consultation

1966 Kuroi tobakushi: Akuma no hidarite / The Black Gambler: Left Hand of the Devil

 Akai gurasu / Red Glass 

Dak ging ling ling gau/ Interpol (Hong Kong) 

1967 Kigeki: Ōburoshiki / Bluster

 Seishun Tarō / The Youth of Taro 

Kuroi tobakushi / The Black Gambler

 Fei tin neoi long / Trapeze Girl (Hong Kong) 

1968 Za Supaidāsu no daishingeki / The Spiders a-Go-Go

 Kwong lyun si / Summer Heat (Hong Kong)

 Lip jan / Diary of a Ladykiller (Hong Kong) 

1970 Eikō e no hangyaku / The Glorious Rebellion

 1971 Yami no naka no chimimōryō / Soul to the Devil 

 1972 Konketsuji Rika / Rika the Mixed-Blood Girl 

1973 Konketsuji Rika: Hitori yuku sasurai tabi / Rika the Mixed-Blood Girl: Lonely Wanderer 

1976 Hensōkyoku / Melody of Love

Texto: Jacoby, Alexander. A Critical Handbook of Japanese Film Directors. Berkeley: Stone Bridge Press, 2007, pp. 281-83. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: El Despojo (1960), Antonio Reynoso

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng