Filme do Dia: Star in the Night (1945), Don Siegel

 


Star in the Night (EUA, 1945). Direção: Don Siegel. Rot. Original: Saul Elkins, a partir do argumento de Robert Finch. Fotografia: Robert Burks. Música: William Lava. Montagem: Rex Steele. Dir. de arte: Roland E. Hill Sr. Com: J. Carroll Naish, Donald Woods, Rosina Galli, Richard Erdman, Lynn Baggett, John Miles, Anthony Caruso, Cactus Mack, Virginia Sale, Irving Bacon.

Três cowboys que se deslocam no deserto observam uma estrela à distância. Trata-se, na verdade, de um neon que o ranzinza proprietário de um estabelecimento, Nick (Naish), ajustou. Nick se vê compelido a ajudar um casal em apuros. A moça, Maria Santos (Baggett) se encontra prestes a ter um bebê e, mesmo quando a contragosto, Nick propicia todo o suporte para que a criança nasça saudável e emociona-se ternamente ao ver a cena.

Essa tolice sentimental apenas se torna menos criticável quando se sabe tratar de um filme de estreia, e de um realizador que já demonstra talento, em certos aspectos, como o da direção de atores, sendo também roteirista não creditado. Talvez também seja digno de nota a atualização do nascimento de Cristo em uma estalagem perdida, numa Hollywood quase sempre avessa a tais licenças poéticas. Porém até mesmo esse caráter de conto natalino contemporâneo se perde em meio às obviedades e ao maniqueísmo fácil. Carroll Naish, sem dúvida, é o grande trunfo do filme. Suas observações, por mais mal humoradas que sejam, são fundamentadas na mais pura materialidade em que se encontra inserido. Rende, também, a cena mais tocante do filme, quando observa comovido o auto de natal ocorrer ao vivo (mas não em cores) ao seu lado, espiando pela janela. Por outro lado, dessa cena demasiado colada de presépio ao final à irritante figura da voz de consciência representada por Woods, ator de olhar penetrante e melancólico, tudo soa demasiado óbvio para ser verdadeiramente instigante. Sobra coincidências demasiado ligeiras, como a nada motivada presença de presentes trazidos pelos cowboys, encarnações dos Reis Magos e a remissão de Nick remete ainda mais que a Dickens ao contemporâneo Frank Capra. Seu cerne melodramático acredita ser tudo função de sentimentos pessoais e caráter. Que o casal que “traz a vida” ao ambiente conspurcado apenas pelo comércio seja mexicano, ou seja, também marginais a sociedade em questão, não deixa de ser cativante, mesmo que vivido por atores visivelmente norte-americanos, sobretudo Baggett, impressionante em sua breve aparição a passar mal, suicidando-se aos 36 anos, após uma carreira e vida pessoal problemática. Vencedor do Oscar de curta-metragem de dois rolos, sendo que curiosamente o outro curta que Siegel dirigiria no mesmo ano ganharia na categoria de documentário curto com Hitler Lives?. Warner Bros. 22 minutos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar