Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#52: Jorge Amado

 


AMADO, Jorge (Brasil, 1912-2001). O mais conhecido e comercialmente bem sucedido romancista brasileiro do século XX, até recentemente, Jorge Amado foi também o escritor cujos livros tem sido mais frequentemente adaptados em filmes brasileiros notáveis. Filho de um cafeicultor, Amado foi educado em Salvador, Bahia, e Rio de Janeiro. Nos anos 1920 trabalhou primeiro como jornalista e depois estudou direito. Escreveu seu primeiro romance, O País do Carnaval em 1931 e, ao longo dos anos 30 e 40, escreveu uma série de romances políticos socialistas e populistas, incluindo Terras do Sem Fim (1942), durante um período turbulento de sua vida, quando veio a ser preso em diversas ocasiões. Após se tornar um membro do Partido Comunista Brasileiro, em 1946, foi para o exílio na França e Europa Oriental mas, depois de escrever suas obras mais militantes, passou a escrever ficção popular e mais comercial. Estes incluem Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), que foi adaptado para o cinema em 1976 pelo jovem diretor Bruno Barreto e que, por sua vez, tornou-se o mais popular filme brasileiro de todos os tempos ao redor do mundo. O primeiro desses romances, Gabriela, Cravo e Canela (1958), foi filmado por Barreto em 1982, numa tentativa de acompanhá-lo.

Talvez a adaptação mais ambiciosa de Amado tenha sido Tenda dos Milagres (1969), de Nelson Pereira dos Santos, realizada em 1977; o companheiro de Cinema Novo Carlos Diegues seguiu uma rota mais comercial, em 1996, com sua adaptação do romance de Amado, de 1977, Tieta do Agreste, elencando em seu papel principal o ícone da sexualidade brasileira, Sônia Braga, que se tornou uma estrela internacional quando interpretou Dona Flor. Como suas fontes literárias, a ausência de comprometimento social que se esperava de Amado, e suas sofisticadas referências culturais brasileiras são reduzidas à frisson sexual. Como Gerald Martin escreveu em Journeys through the Labyrinth: Latin American Fiction in the Twentieth Century, estes romances posteriores de Amado são "mais sentimentais que ideológicos, voluptuosos que apaixonados, e inerentemente pitorescos" (1989, p. 70). Amado morreu em Salvador, com a idade de 88 anos.

Em 2011 sua neta, Cecília Amado, dirigiu seu primeiro longa-metragem, Capitães de Areia, baseado em seu romance de 1937. O filme retém a natureza melancólica das vidas das crianças de rua em Salvador, embora espetacularize suas aventuras, ao modo do cinema brasileiro pós-Cidade de Deus. No Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles de 2012, que organizou um tributo a Amado, Capitães de Areia venceu o prêmio principal.

Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowan & Littlefield, pp. 20-1. 

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