Dicionário Histórico de Cinema Sul-Americano#63: Manuel Antín





ANTÍN, Manuel (Argentina, 1926). Um dos mais importantes realizadores argentinos do Nuevo Cine, nos anos 60, foi também o administrador-chave da indústria cinematográfica argentina, após ter sido nomeado diretor do Instituto Nacional de Cinematografía (INC), em 1984. Nascido em Las Palmas, Chaco, Antín foi escritor, antes de se tornar realizador. Escreveu peças nos anos 40 e 50, e em 1956 escreveu uma série de televisão. Começou a trabalhar em cinema escrevendo roteiros para curtas, incluindo dois dirigidos por Rudolfo Kuhn. O próprio romance de Antín foi a base de seu primeiro longa como roteirista-diretor, Los Venerables Todos (1962). Notável, foi selecionado para o Festival de Cannes em 1963. 

Antín se tornou conhecido como o principal diretor de cinema da obra escrita do famoso autor experimental argentino Julio Cortázar. Seu segundo filme, La Cifra Impar, foi baseado em um conto (Cartas de Mama), extraído da mesma coleção que proporcionou o conto de Blow Up (1966), de Michelangelo Antonioni. O terceiro longa de Antín, Circe (1964), foi aceito na competição do Festival de Berlim. Ao final da década Antín se afastou da literatura contemporânea para dirigir um filme baseado em um romance clássico, que celebrava a tradição gaúcha, Don Segundo Sombra (1969 [1926]), de Ricardo Güiraldes. O filme foi o segundo de Antín a ser selecionado para Cannes, e foi seguido por outro filme gaúcho, Juan Manuel de Rosas (1972). Para seu último filme como realizador, antes de se tornar administrador, retornou à literatura contemporânea e adaptou o romance de Beatriz Guido, La Invitación (1982). 

Após a eleição da União Cívica Radical, partido de Raul Alfonsín, foi nomeado diretor do INC e prometeu restaurar a produção a 30 filmes por ano. Convidou todos os realizadores, independente de suas simpatias políticas, a concorrerem ao apoio de co-produções estatais e impôs 10% sobre os ingressos para proporcionar o financiamento. De 1984 até o final do regime de  Alfonsín, em 1989, o esquema funcionou muito bem, com uma média de mais de 31 filmes sendo produzidos a cada ano, apresentando uma grande variedade de estilos e temas. Uma crítica de sua obra, tanto como diretor como administrador, é que favoreceu a "alta" cultura sobre o entretenimento popular, e aproximadamente 65% dos filmes argentinos distribuídos durante o governo Alfonsín podiam ser considerados sob a rubrica "cinema de arte".  Apesar disso, Antín foi muito bem sucedido em seu apoio ao cinema como produto cultural e em promover os filmes argentinos no exterior - mais de 200 prêmios foram ganhos por filmes argentinos em festivais de cinema durante seu mandato como diretor do INC.

Em 1991, Antín fundou a Fundación Universidad del Cine (FUC), hoje chamada Universidad del Cine. Mais projetos estudantis de cinema tem sido produzidos lá que em qualquer outra instituição na América do Sul. Em 1995, um longa, Moebius, foi completado como resultado de um seminário avançado de produção de 45 estudantes, sob a supervisão de Gerardo Mosquera (creditado como diretor). Desde então, aproximadamente um longa é produzido pela escola a cada dois anos. Como diretor da Universidad del Cine, Antín ajudou a organizar o Terceiro Festival Internacional das Escolas de Cinema dentro do Festival Internacional de Cine de Mar del Plata, em 1997; desde então se tornou um evento regular no calendário escolar. Inclui entre seus graduados algumas das figuras de proa do Novo Cinema Argentino, incluindo Lisandro Alonso, Albertina Carri, Celina Murga, Bruno Stagnaro e Pablo Trapero. Agora, final dos anos 80, Antín ainda é reitor da Universidad del Cine.

Texto: Rist, Peter H. Historical Dictionary of South American Cinema. Plymouth: Rowman & Littlefield, 2014, pp. 36-37. 

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