Filme do Dia: Ars (1959), Jacques Demy
Ars (França, 1959). Direção e Rot.
Original: Jacques Demy. Fotografia: Lucien Joulin. Música: Elsa Barraine.
Ainda que o título possa sugerir que
se trata de um filme sobre a pequena cidade homônima, é mais especificamente
sobre um cidadão ilustre dela, Jean-Marie Vianney, o cura que viveu no século
XVIII e logo seria reconhecido como santo, tendo seu corpo sido encontrado em perfeitas
condições quando de sua exumação, em 1904. Dois elementos chamam a atenção
nesse curta em p&b (o último antes de seu primeiro longa) de Demy: 1) a
utilização da Ars contemporânea, não apenas em suas edificações, boa parte
delas ainda herdeira dos tempos do cura, mas a própria população, como
ilustração para a trajetória do polêmico cura que, dada a sua crescente
severidade, torna-se inimigo da população local; 2) o fato de tudo ser narrado
por uma voz over (do próprio Demy?) que aparentemente respalda não apenas as
informações históricas referidas, mas o próprio comportamento rigoroso do cura.
Na mais curiosa dessas cenas, essas duas características apontadas se cruzam,
quando o narrador afirma sobre a indolência e falta de espiritualidade dos que
iam à missa, mais preocupados em conversar e observamos uma cena que seria a
própria caracterização do expresso pela voz, só que a partir de um culto
contemporâneo à filmagem. Faz uso de longos travellings, não tão impassíveis
quanto os de Resnais, pois se sente os impactos do veículo que leva a câmera
sofre ao se deslocar pela estrada. De forma circular, inicia e finda com a
imagem de Vianney em seu féretro. Ciné Tamaris. 18 minutos.
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