Filme do Dia: O Mundo os Condenou (1962), Joseph Losey
O Mundo os Condenou (The Damned,
Reino Unido, 1962). Direção Joseph Losey. Rot. Adaptado Evan Jones, a partir do
romance de H.L. Lawrence. Fotografia Arthur Grant. Música James Bernard.
Montagem Reginald Mills. Dir. de arte Bernard Robinson. Figurinos Molly
Arbuthnot. Com Macdonald Carey, Shirley Anne Field, Viveca Lindfords, Alexander
Knox, Oliver Reed, Walter Gotell, James Villiers, Tom Kempinski.
Simon
Wells (Carey), um endinheirado americano de meia-idade, aporta seu iate em uma
pequena cidade do litoral britânico e aceita o contato de uma atrativa jovem,
Joan (Field), que se insinua para ele. Quando saem de braços dados, mal ele
imagina que será vítima de uma gangue violenta de motoqueiros, que inclui o
possessivo irmão de Joan, King (Reed). Eles acidentalmente acabarão descobrindo
um mundo misterioso e literalmente subterrâneo em que crianças, que
aparentemente já morrerem, são mantidas cativas, por ordem do inescrupuloso
Bernard (Knox).
Por algum
momento em sua carreira, mais ou menos por essa época, Losey tentou efetuar
experimentações com gêneros, mas sem abdicar completamente de ares autorais e,
via de regra, conseguiu resultados desastrosos e nada benéficos para ambos
modelos. Difícil assistir sem grande esforço esse filme que mescla uma gangue
de motoqueiros (num estilo próximo do que se configuraria todo um ciclo norte-americano
pouco depois, cujo exemplo mais famoso foi Anjos Selvagens) com ciúme
fraternal doentio e um mundo de militares que mantém crianças-zumbis nas
catacumbas, com ares totalitários orwellianos ou huxleyanos! A forma amoral e
cínica da gangue trai algo como uma incursão pioneira no universo da violência
que ganharia protagonismo tempos depois em Laranja Mecânica – não por
acaso o livro de Burguess tendo sido lançado no ano anterior a essa produção.
Destaque igualmente para seu final distópico, mas sem grandes arremates. Talvez
funcione melhor em sua enigmática abertura, e consequente enigma que representa
Joan, e se de fato se encontra ou não interessada por Simon, que por seu
posterior ingresso no universo da fantasia, que diz respeito a se tratar de uma
adaptação, mas também um recibo a ser cobrado pelo estúdio que o produziu. A
paranóia nuclear contemporânea surge de forma mais sutil e inteligente no
contemporâneo O Eclipse, de Antonioni. Título alternativo: Malditos.| Hammer. 87 minutos.
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