Filme do Dia: Nível Cinco (1997), Chris Marker
Nível Cinco (Level Five, França, 1997). Direção,
Rot. Original e Música: Chris Marker. Fotografia: Yves Angelo, Gérard de
Battista & Chris Marker. Com: Catherine Belkhodja.
De uma forma próxima, mais talvez
liberta do excessivo cerebralismo e mesmo obscuridade, de Godard, Marker
empreende uma jornada no estilo filme-ensaio, no qual uma programadora de
computadores, Laura (Belkhodja), indaga do computador sobre uma das mais
sangrentas batalhas da Segunda Guerra, a de Okinawa. A partir de imagens
diversas, desde filmagens da época até curtos e entrecortados depoimentos como
os do cineasta Nagisa Oshima, passando por idiossincrasias visuais voltadas
para as obsessões do realizador com as figuras de gatos e corujas, o vídeo é
construído a partir de uma forma que demonstra sua proximidade com a nova forma
de interação computacional. É através da moldura do computador e de seu formato
“menu” que se intercalam todas as imagens que entremeiam os monólogos,
ocasionalmente cansativos, de Belkhodja para a câmera, evocativos de Hiroxima Meu Amor (1959), de Resnais –
que acaba sendo referido a determinado momento, assim como Muriel. Em termos estéticos alguns de seus efeitos visuais, únicos da
visualidade proporcionada pelo vídeo, são bastante próximos dos experimentos
contemporâneos realizados por Godard para seu História(s) do Cinema, porém sem a excessiva repetição presente
naquele. Num dos momentos mais instigantes, Marker, esporadicamente presente
através de comentários em voz over, comenta sobre o momento em que uma das
suicidas de Okinawa, antes de se jogar dos rochedos, observa a presença de uma
câmera a lhe filmar, e como isso se torna decisivo para que ela, a seu ver, de
fato salte e não seja observada enquanto covarde, tornando-se a câmera, no
caso, uma verdadeira espingarda de caça – o que evidentemente trai as
conotações de filmagem em inglês (shooting).
Les Films de L’Astrophore/Argos Film para Coinassance du Cinéma. 106 minutos.
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