Filme do Dia: Where the North Begins (1923), Chester M. Franklin

 


Where the North Begins (EUA, 1923). Direção: Chester M. Franklin. Rot. Original: Millard Webb & Fred Myton.  Montagem: Lewis Milestone. Com: Rin Tin Tin, Claire Adams, Fred Huntley, Walter McGrail, Pat Hartigan, Myrtle Owen, Charles Stevens.

Nas regiões geladas e quase desérticas do Norte, Galloway (Hartigan) convida Gabrielle Dupree (McGail) a fazer uma entrega de um lote de peles por 500 dólares, dinheiro necessário para que possa se unir a sua amada Felice (Adams). Essa, no entanto alerta-o que ninguém que se aventurou pela região inóspita, retornou de sua missão. No meio dela, Gabrielle sofre uma emboscada, encomendada pelo próprio Galloway para um homem conhecido como The Fox (Stevens) e fica inconsciente em meio ao gelo, tornando-se vitima do ataque de lobos. Um cachorro que foi criado em meio aos lobos, Rin Tin Tin, salva-o. Dada a sua comovente fidelidade, Gabrielle adota o cão. Conseguindo retornar à casa, logo Galloway fica sabendo de tudo. Rinty sentiu o cheiro do tecido de The Fox e investe contra ele, recebendo advertência de Galloway, que planeja que The Fox ponha casacos na cabana de Gabrielle, para que este seja acusado de roubo, posteriormente fazendo a denúncia. Com a casa toda revirada ao voltar, Gabrielle acredita que o cachorro matou a criança e quando já encontra em vias de sacrificá-lo é interrompido por Felice, que lhe conta que a criança se encontra a salvo. The Fox se torna vítima da fúria canina, após ter cumprido com seu objetivo. Agonizante, conta toda a verdade aos homens da lei. Com toda a situação esclarecida, e Galloway, levado pela polícia, Gabrielle e Felice buscam por Rin Tin Tin, que desapareceu da casa. Galloway, consegue se desvencilhar da polícia e fugir. Ele sequestra Felice para o desespero de Gabrielle e de Rin Tin Tin.

Um final feliz antecipado parece se dar quando a nova família reunida já tem inclusive o seu “filho” em meio aos afagos, o protagonista Rinty, o mais célebre canino cinematográfico de todos os tempos, dono de uma extensa carreira, da qual não se furtava de haver ocasionais comentários sobre a biografia real do próprio cachorro romanceadas, como é o caso de sua descoberta em um estado de exceção em relação ao cotidiano e sua ida para a Califórnia. E uma segunda falsa resolução feliz se apresentará mais adiante, para uma narrativa em que o conflito ressurge ainda uma terceira vez. Não que já não houvesse uma figura mais próxima de interpretar o filho do casal, no caso um bebê humano, que inclusive demonstra que Rinty é um ser mais complexo que apenas um acúmulo de virtudes, sentindo inveja da criança.  Não falta a presença de um furtivo agenciador que faz com que a trama avance, seja observando os planos de partida de Dupree, seja consciente que ele retornou, não como cadáver, o próprio The Fox, representação étnica da maldade idealizada por um homem branco. E para Rinty não falta uma vinculação “ancestral” aos humanos que é maior que sua própria experiência de vida em meio aos lobos, cujo chamado aos instintos básicos de sua natureza não chegam a se sobrepor à fidelidade aos humanos, que ainda sequer conhecia. No ápice de sua virtuosidade, Rinty escala o muro alto da casa para impedir o que se supõe será um assassinato, após várias tentativas malsucedidas e se afastando cada vez mais do mesmo para ganhar impulso. Ele também tem o seu momento dramático, quando apresenta uma cara de imensa tristeza e resignação, ao se encontrar em vias de ser morto pelo próprio dono, cena que o suspense da montagem acentua com êxito – a cargo do futuro realizador de sucesso, Lewis Milestone.  Embora não fique muito claro onde a história se passe, provavelmente seria o Canadá francês, dado os nomes do casal protagonista, ainda que o restante dos nomes dos personagens seja anglo-saxão. Terceiro longa com o célebre cão que atuaria até o início da década seguinte. Warner Bros. 74 minutos.

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