Filme do Dia: L'Anglais Tel que Max le Parle (1914), Max Linder

 


L’Anglais Tel que Max le Parle (França, 1914). Direção: Max Linder. Com: Max Linder e Cécile Guyon.

Max (Linder) se apaixona à primeira vista por uma inglesa (Guyon) que viaja com ele no trem. Eles se comunicam entre si através de desenhos em um caderno. Já em Paris, Max vai encontrá-la em seu trabalho. Quando finalmente ela se encontra disponível a beijá-lo chega um cliente na loja e Max se refugia em um chuveiro. O chuveiro, no entanto, é justamente um dos objetos que o comprador parece se encontrar mais interessado.

Esse filme é um dos que deixa marcada a influência de Linder sobre a obra de Chaplin. Isso fica demonstrado através de tiradas como a do chuveiro, onde um equipamento acabará por flagrar o herói em apuros – aqui completamente encharcado após ter sido ligado o chuveiro para teste, ainda que sua aproximação da questão da relação entre gêneros seja bem mais picante e ousada que a de Chaplin, sendo a mulher também parte ativa no jogo.  E  o homem, por mais que se demonstre apaixonado, tampouco deixa ao início de piscar marotamente para a câmera, com relação a já se achar confiante que ela será  sua nova conquista. O mais brilhante do filme é o comentário subliminar, involuntário  ou não, sobre a própria arte da interpretação do filme mudo, ao adaptar tal limitação  para as barreiras linguísticas entre os personagens, que  possibilitam os destaques dados aos desenhos e aos gestos que os dois trocam no vagão. Com relação ao último,  sua condição enquanto espaço erótico já possuía uma tradição que remonta aos “filmes de beijo”, tais como O Beijo no Túnel (1899), de G.A. Smith, sendo o contraste entre o evidente cenário que representa o interior do vagão e as cenas em locação (com um primeiro plano que certamente faz uma referência L´Arrivée d´un Train à La Ciotat) quase tão marcado quanto o do filme de Smith.  Curiosamente o filme inesperadamente acaba em pleno flagrante, algo comum nos filmes dirigidos por Linder, sendo essa uma saída “econômica” que evita qualquer apresentação de desenlace.Pathé Frères. 10 minutos e 13 segundos.

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