Filme do Dia: Hiroxima, Meu Amor (1959), Alain Resnais


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Hiroxima, Meu Amor (Hiroshima Mon Amour, França/Japão, 1959). Direção: Alain Resnais. Rot. Original: Marguerite Duras. Fotografia: Michio Takahashi & Sacha Vierny. Música: Georges Delerue & Giovanni Fusco. Montagem: Jasmine Chasney, Henri Colpi & Anne Sarraute. Dir. de arte: Esaka, Antoine Mayo & Petri. Figurinos: Gerard Collery. Com: Emmanuelle Riva, Eiji Okada, Stella Dassas, Pierre Barbaud, Bernard Fresson.
        Em Hiroxima, 14 anos após a explosão nuclear que a destroçou por completo, uma francesa, Elle (Riva), casada, torna-se amante de um japonês, Lui (Okada), igualmente casado. Na maior parte dos encontros, Elle recorda-se do primeiro amor que viveu, igualmente em 1945, na sua provinciana Nevres. O objeto de seu amor foi um alemão (Fresson), o que provocou desonra para ela e sua família e a morte para o alemão. Seu amante japonês, ainda que constantemente escorraçado por Elle, sempre retorna e busca saber algo mais do passado dela.
        Extremamente moderno, desde a utilização pioneira de cortes abruptos e do flashback até o abstracionismo dos corpos dos amantes nas cenas iniciais, o filme de Resnais faz um bom uso ainda da elegante fluidez visual da câmera e da trilha sonora, embora talvez devesse ter confiado mais na sua poderosa força visual e buscado ter sido menos dependente dos monólogos interiores da protagonista, que hoje soam datados, no sentido que por vezes beiram perigosamente um superficial charme existencialista. Com imagens documentais em seu prólogo, é um intenso exercício de como o cinema pode ser capaz de expressar um terreno fugidio e abstrato como a memória, quase completamente virgem até então, de uma forma intensa e fazendo uso de engenhosas metáforas – o amante de Elle, ao mesmo tempo que é um mero substituto para seu amante morto, igualmente evoca o próprio terror do genocídio em Hiroxima e a ameaça de seu esquecimento. Sem dúvida é impressionante a forma como, ainda de modo grandemente pioneiro, consegue nortear sua narrativa antes pelos afetos e emoções da protagonista que pela lógica da narrativa linear tradicional. Resnais radicalizaria o seu interesse pela memória anos depois com O Ano Passado em Marienbad, embora, infelizmente, também tenha radicalizado a aridez de sua construção formal em detrimento do que é narrado. Argos Film/Como/Daiei Studios/Pathé. 90 minutos.

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