Filme do Dia: A Ride for Cinderella (1937), Max Fleischer





A Ride for Cinderella (EUA, 1937). Direção: Max Fleischer.
Após se apaixonar à primeira vista por uma garota que conhece no baile em seu castelo, o Príncipe Encantado tem um breve momento de intimidade com ela, Cinderella, pois fica tarde e o feitiço que a transformou pode findar a qualquer momento. Enquanto Cinderella corre em seu último modelo GM, suas maldosas patroas convencem a bruxa a espalharem males e um confuso Príncipe busca pistas de sua amada com um sabujo que farejou o sapatinho deixado pela moça.
Não se preocupando inicialmente em apresentar o ponto de vista de Cinderella, mas sim os preparativos da festa e o princípio, com doses de comedida sátira, e já a apresentando no momento em que o príncipe a escolhe em detrimento das filhas de sua patroa, o curta inova e dá como certo o conhecimento da fábula pela maior parte dos espectadores – mesmo bem antes de sua adaptação mais célebre ao universo da animação, efetuada por Disney em 1950 – embora tal sensação seja algo diminuída quando se sabe ter sido antecedido por A Coach for Cinderella, no qual surge esse momento anterior. A Bruxa Má, por exemplo, está longe da elegância e beleza do longa de Disney (na verdade de Branca de Neve, produzido no mesmo ano desse curta) e seus traços parecem mais próximos da anarquia visual e escracho do universo da Warner. Ao escolher iniciar a narrativa do ponto acima referido, abona-se aqui o papel tipicamente vitimado de Cinderella, que sobrara para o curta anterior, pois só se fica ciente dos elementos de magia que maquiam a si e seus adereços após ela ter recebido uma mensagem de um pássaro-correio, dando-lhe um ultimato para que fuja antes que a magia se desfaça. Em uma animação produzida pela General Motors e com alguns anacronismos anteriores presentes, imagina-se que o coche de Cinderella venha a ser um carro da companhia. E é o que ocorre. Aqui o coche tradicional fica restrito as filhas da patroa, enquanto Cinderella mais parece possuir a agilidade na direção de qualquer ousada femme fatale do futuro cinema noir. A magia da bruxa é combatida por um gnomo algo gay – e que, inclusive, repete a palavra mais de uma vez. De uma maneira geral, o filme consegue se sair bem melhor com o fato de ser algo que se encontraria, a princípio, preso a uma demanda de uma grande corporação que outras produções que Fleischer (seu irmão Dave parecia menos interessado nesse tipo de produção) dirigiu, tais como Finding His Voice (1929). Aqui, não falta uma Cinderella a apoiar o rosto sobre o braço do princípe em seu carro, que não se transforma evidentemente em abóbora, logo seguido por um maroto abaixar de um protetor para o para-brisa traseiro que impede que o cavalo-grilo e o duende consigam – assim como o espectador – observar o que viria a seguir, decidindo eles próprios a expressar o seu amor, antevisto na dança improvisada ao observarem o baile no castelo, amor esse apenas sugerido e vivenciado na surdina, já que entre um ser fantástico e um animal tampouco convencional. A movimentação dos desenhos e a fotografia tampouco deixam a desejar. JHO/General Motors, Chevrolet Division. 10 minutos e 49 segundos.

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