Filme do Dia: Deixem-nos Viver (1969), Arthur Penn
Deixe-nos Viver (Alice´s Restaurnat, EUA, 1969). Direção:
Arthur Penn. Rot. Adaptado: Venable Herndon & Arthur Penn, baseado na
canção Alice´s Restaurant Massacre,
de Arlo Guthrie. Fotografia: Michael Nebbia. Música: Arlo Guthrie. Montagem:
Dede Allen. Dir. de arte: Warren Clymer. Cenografia: John Mortensen. Figurinos:
Anna Hill Johnstone. Com: Arlo Guthrie, Patricia Quinn, James Broderick, Pete
Seeger, Lee Hays, Michael McClanathan, Geoff Outlaw, Tina Chen, Joseph Boley,
William Obanheim.
Arlo
Guthrie (Guthrie) é um jovem aspirante a música que se divide entre uma
comunidade alternativa no interior de Massachussets e o hospital onde seu pai,
Arlo, lendário músico folk, Woody (Boley), sofre os reveses de uma doença
degenarativa. Envolvido em confusões,
Arlo abandona a escola de música e acaba sendo processado por jogar lixo fora,
sendo preso pelo policial Obie (Obanhaim). Entre seus amigos se encontram Alice
(Quinn) e Ray (Broderick), casal de amigos que aluga uma igreja e com quem Arlo
busca refúgio, mas tem que sair após o retorno do viciado Shelly (McClanathan).
No mesmo dia em que se preparam para os funerais de Shelly, morto por overdose,
Arlo sabe da morte do pai. Com a namorada Mari-chan (Chen) comparece ao novo
casamento de Alice e Ray.
Entre Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas (1967) e O Pequeno Grande Homem (1970), Penn realizou essa bem menos
inspirada e datada história baseada em canção de Guthrie, por sua vez baseada
em eventos reais ocorridos em sua própria vida. Penn provavelmente logo deve
ter percebido que estrutura de narrativas como a de uma canção e a de um filme
são bem diversas e o filme se ressente a todo momento dessa diferença. Mesmo
que a falta de uma estrutura dramática mais convencional sugira uma aproximação
com o cinema autoral europeu, de quem Penn foi um dos primeiros a filtrar sua
influência e por sua vez influenciar cineastas posteriores com seu filme anterior,
o resultado final aqui apenas ressalta a falta de solidez dramática de seus personagens e situações. Entre suas curiosidades, existe o fato de alguns dos
próprios personagens descritos na canção viveram a si próprios. Porém, se
alguns são secundários demais para que se tenha alguma relevância sua atuação
ou não, como é o caso do juiz do caso
envolvendo Arlo e outros desempenham perfeitamente o seu próprio papel como
Obanheim, infelizmente o mesmo não pode ser dito do inexpressivo Guthrie, o que
por si só já se torna um grande empecilho para o filme. Para piorar, os alvos
típicos (igreja, polícia, exército) da contracultura são aqui vítimas de uma
paródia tão ou mais inane do que releituras da época como a do musical Hair pelo cinema e o próprio senso de
entusiasmo e utopia rapidamente vivenciado no filme logo cede a uma morbidez
cuja seqüência de casamento ao final parece não dissipar, que mais parece uma
antecipação do próprio beco sem saída da contracultura. Entroniza certa aura de
herói romântico que paga com sua própria
vida menos nos personagens principais envolvidos (como em Sem Destino) do que num secundário. Em meio a tanto equívoco uma
interpretação que relativamente se destaca é de Patricia Quinn, então estreando
no cinema. Destaque para a montagem alucinada de Dede Allen, habitual
colaboradora de Penn, uma das mais rápidas da década. Elkins Ent./Florin para
United Artists. 111 minutos.
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