Filme do Dia: O Menino dos Cabelos Verdes (1948), Joseph Losey

O Menino dos Cabelos Verdes - 16 de Novembro de 1948 | Filmow

O Menino dos Cabelos Verdes (The Boy with Green Hair, EUA, 1948). Direção: Joseph Losey. Rot. Original: Ben Barzman & Alfred Lewis Levitt, sob o argumento de Batsy Beaton. Fotografia: George Barnes. Música: Leigh Harline. Montagem: Frank Doyle. Dir. de arte: Ralph Berger S.D’Agostino. cenografia: Darrell Silvera & William Stevens. Figurinos: Adele Balkan. Com: Dean Stockwell, Pat O’Brien, Robert Ryan, Barbara Hale, Richard Lyon, Walter Catlett, Samuel S. Hinds, Regis Toomey.
Peter é um garoto careca que é encontrado pela polícia e não se comunica com ninguém. Aos poucos, o médico da polícia Dr. Ryans (Ryan) ouve sua história. Após ter passado pela casa de vários tios,  com a morte de seus pais na guerra, havia ido morar com o garçom-palhaço Gramp (O’Brien). Certo dia  amanheceu com o cabelo verde e a partir daí passou a ser motivo de chacota em sua escola. Porém, ele se mantem fiel em manter seus cabelos porque alguns garotos dos cartazes de órfãos de guerra lhe disseram que seria uma forma dele ser um símbolo contra a guerra. Os conflitos chegaram ao ponto do próprio Gramp, seu aliado em todas as decisões, concordar que é melhor raspar o seu cabelo. Peter, desgostoso, foge então de casa. Ao acabar de contar sua história, Gramp o espera para um retorno para casa.
O que mais chama atenção nessa produção é a utilização que Losey faz de todo o mecanismo do filme de fantasia de Hollywood (estilizada, ainda que não de todo bem sucedida, fotografia em Technicolor; bela canção adocicada que se tornara grande sucesso, The Nature Boy; um enredo fantasioso que procura reproduzir o imaginário infantil) para um comentário subliminar sobre a intolerância da sociedade ao diferente. Ainda que tal intolerância possa muito bem perder parte de sua força a partir do momento que o filme abdica de uma opção realista e opta por uma crítica de cunho mais universal e abstrato no seu pacifismo. Tivesse sido produzido alguns anos depois, poder-se-ia ler nas entrelinhas um dos primeiros filmes a metaforizarem sobre a paranoia comunista que então mal havia sido iniciada que se tornaria conhecida como Macarthismo, do qual o próprio Losey se tornaria vítima,  radicando-se até o final de sua vida na Inglaterra. Losey consegue instaurar um forte comentário político em um gênero comumente pouco servil a essa prática, ainda que sob o peso de por vezes soar pouco verossímil enquanto “filme de fantasia”. Stockwell, famoso garoto-prodígio de então, seria um dos raros exemplos que teria longeva carreira em Hollywood, vez por outra voltando a ser destaque ao longo de décadas em filmes tão diversos quanto Longa Jornada Noite Adentro (1962) e Paris, Texas (1984). RKO Radio Pictures. 71 minutos.

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