Filme do Dia: Hair (1979), Milos Forman

 


Hair (EUA/Al. Ocidental, 1979). Direção: Milos Forman. Rot. Adaptado: Michael Weller, a partir do libreto de Gerome Ragni & James Rado. Fotografia: Richard C. Kratina, Miroslav Ondrícek & Jean Talvin. Montagem:  Alan Heim & Stanley Warmow. Dir. de arte: Stuart Wurtzel. Figurinos: Ann Roth. Com: John Savage, Treat Williams, Beverly D´Angelo, Annie Golden, Dorsey Wright, Don Dracus, Cheryl Barnes, Richard Bright.

Claude Hooper Bukowski (Savage) é um jovem caipira que parte para Nova York onde pretende se alistar no exército para combater no Vietnã. No seu primeiro dia na cidade, no Central Park, torna-se  amigo de um grupo de hippies, especialmente George Berger (Williams) e Jeannie Ryan (Golden) e se apaixona pela ricaça Sheila Franklin (D´Angelo). Bukowski, após iniciado no mundo das drogas e do sexo,  é convencido por Berger a ir a um convescote social promovido pela família de Sheila, onde acabam provocando grande confusão. Apesar de Sheila se encontrar igualmente interessada por ele, Bukowski parte para o exército em Nevada. Ele escreve para Sheila. Essa mostra a carta aos hippies, que decidem ir para Nevada igualmente e o encontram. Dado o rígido regime militar, George se finge de Bukowski enquanto esse encontra os amigos e acidentalmente parte para a guerra em seu lugar.

Esse tolo musical que busca contemporizar em cima dos clichês associados a contra-cultura, já então em seu ocaso e já igualmente devidamente e há muito tempo transformados em moeda de troca que não mais assustava a indústria cinematográfica americana, apresenta uma releitura, em muitos aspectos, bem mais próxima do musical clássico hollywoodiano, do que as óperas-rock da mesma década. Forman, que já havia domesticado seu ímpeto das ácidas sátiras sociais que havia realizado na sua Tchecoslováquia natal para a produção independente americana (Procura Insaciável) e, posteriormente, para o grande público (Um Estranho no Ninho), aqui se entrega de vez a sua auto-indulgente celebração oportunista dos valores da juventude em contraposição a um caricato mundo adulto que já havia sido tema constante de sua produção anterior. O resultado final, trivial e infantil, talvez tenha como único momento razoável a seqüência final, na qual anônimos reencenam o inconformismo da década anterior em chave semi-documental que, mesmo emoldurada pelos critérios de uma produção  relativamente grande, ainda guarda certa chama de dignidade e espontaneidade com relação aos seus propósitos libertários originais. De resto números musicais pouco inspirados, com destaque para a montagem da seqüência inicial, ao som de Aquarius. Entre muitas outras canções se encontram White Boys, Black Boys, a canção-título e o hino Let the Sunshine In, que se casa bem com o final que resssalta a dimensão coletiva e social, esquecida no restante do filme.  A determinado momento, uma das canções faz referência a Fellini, Antonioni e Polanski. CIP Filmproduktion GmbH. 121 minutos.

 

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