Filme do Dia: Cathy Come Home (1966), Ken Loach
Cathy Come Home
(Reino Unido, 1966). Direção: Ken Loach. Rot. Original: Jeremy Sandford.
Fotografia: Tony Imi. Montagem: Roy Watts. Dir. de arte: Sally Hulke. Com:
Carol White, Ray Brooks, Winnifred Dennis, Wally Patch, Adrienne Frame, Emmett
Hennessy, Phyllis Hickson, Geoffrey Palmer.
Cathy
(White) é uma garota da província que vai morar em Londres. Lá conhece o também
jovem Reg (Brooks), com quem acaba casando. Porém seus sonhos se transformam
rapidamente em pesadelo, quando Reg sofre um acidente de trabalho e eles não
tem mais como manter o apartamento alugado. Inicia-se uma via crucis os levará
aos extremos de morar em um trailer. Porém, com o incêndio do trailer, o casal se
separa, pois Cathy consegue vaga numa instituição governamental que não permite
a presença de maridos. O golpe de misericórdia se dá quando o governo leva seus
filhos.
Esse
telefilme, uma das experiências pioneiras de Loach na BBC, onde já havia
dirigido cerca de meia-dúzia de filmes, possui já toda a carga de inquietação e
denúncia sociais que tornaram o cineasta célebre. A filmagem em 16 mm e a
montagem altamente elíptica refletem o tom de urgência desesperada que baliza o
filme. E se a veia pseudo-amadora tem não poucas virtudes, também demonstra
suas falhas na interpretação sofrível de Brooks e em situações que tendem a se
transformar em um verdadeiro voyeurismo do patético, como a da mulher vizinha
de Cathy que afunda na própria cama. Há um clima de sordidez completa na
pobreza que possui traços dickensonianos, influência confessa do cineasta. Já o
recurso de aproveitar imagens documentais e depoimentos provavelmente de
pessoas reais na banda sonora, que não são estritamente congruentes com as
imagens, mesmo interessante, é utilizado de forma abusiva, demonstrando que as
intenções de Loach pareciam ser mais a de traçar um panorama pseudo-documental
da problemática questão da habitação que propriamente desenvolver a trama
narrativa de forma mais convencional. Ele atingiu seu tento, já que houve uma
mudança na política habitacional inglesa motivada pelo clamor gerado por essa
produção. Sua intervenção militante é uma radicalização da proposta de realismo
social efetuada a partir de meados da década de 1950 com o movimento que ficou
conhecido como Free Cinema. As
canções pop dessa outra face da então celebrada Swinging London são executadas somente em curtos trechos, como que
espelhando os raros momentos de felicidade e utopia do casal. BBC. 75 minutos.
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