Filme do Dia: O Corpo de Afonso (2012), João Pedro Rodrigues
O Corpo de Afonso (Portugal, 2012). Direção e Rot. Original: João
Pedro Rodrigues. Fotografia: Lucas Álvarez. Montagem: Mariana Galvão.
Curta-metragem em
que, através de anúncios, o cineasta chegou a um grupo de homens os quais ele
pede que leiam textos históricos que remetem ao primeiro rei de Portual, Dom
Afonso Henriques. Aos poucos, Rodrigues passa a “se interessar” pelos próprios
corpos que se apresentam tensos, posados ou a espera de uma ordem do
realizador, ou seja subordinados, diante de si e investiga sobre as marcas
deixadas nos mesmos, voluntárias ou não,
provocadas por cicatrizes e, posteriormente, tatuagens. Embora o corpo “também
fale” por si, Rodrigues acrescenta as imagens (por exemplo, das tatuagens e das
cicatrizes) o áudio em que os donos desses traçam o sentido e a arqueologia das
mesmas. Posteriormente, retorna a Dom Afonso e pede, por exemplo, que manipulem
a espada que seria algo como uma réplica da utilizada por aquele. Os homens se
postam diante de um chroma-key verde, no qual ocasionalmente são postas imagens
como a de uma estátua do próprio monarca. A exigência da exposição do corpo que
provavelmente constava no anúncio – seria talvez interessante tê-lo incluído
entre as imagens e sons do filme – de chamada faz com que a maior parte dos que
lá apareçam (tampouco se sabe se houve alguma seleção) tenham ou o corpo de
fisioculturista ou musculoso. Escuta-se apenas o áudio do realizador quando
endereça perguntas aos que estão do outro lado da câmera. O filme poderia ser
lido como uma variação sobre um teste de elenco, algo não muito inusitado em se
tratando de Rodrigues, para quem expressamente o corpo de não atores possui
maior relevância que qualquer aspecto dramatúrgico. Blackmaria. 32 minutos.
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