Filme do Dia: Hollywoodismo (1998), Simcha Jacobovici & Stuart Samuels


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Hollywoodismo ( Hollywoodism: Jews, Movies, and the American Dream, Canadá, 1998). Direção: Simcha Jacobovici & Stuart Samuels. Rot. Adaptado:  Neal Gabler & Simcha Jacobovici, baseado no livro An Empire of Their Own: How the Jews Invented  Hollywood.
Primorosa reconstituição da influência dos judeus no surgimento de um dos  mais avassaladores símbolos da culturas de massa de nossos tempos: Hollywood. Expulsos pelos pogroms das nações do Leste Europeu, como a União Soviética, estes judeus seguiram três rumos: permaneceram em seus países, afiliando-se em partidos como o comunista e representando uma fonte de resistência aos regimes no poder; partiram para Israel ou seguiram para uma terra que se acreditava ainda mais promissora: os EUA. A maioria desenganou-se rapidamente, quando passou a viver em condições de miserabilidade das grandes cidades. Um grupo de comerciantes se interessou pela então emergente indústria cinematográfica. Considerados com  certo desprezo pelo Nordeste americano, culturalmente mais tradicional e com o monopólio de Edison consolidado, eles emigraram para a Califórnia e fundaram Hollywood, com companhias independentes, que logo  dominariam o setor. Porém, não esquecendo os sofrimentos vividos na terra natal, os reconstituiriam sejam revivendo os incendiários pogroms sobre a forma de massacres nas cidades do oeste americano ou diretamente em filmes como o desenho-animado Fievel, Um Conto Americano (1986). O documentário atenta para o importante fato de que a aproximação dos futuros magnatas do cinema judeus como Carl Laemmle, David Selznick, Samuel Goldwyn, Louis B. Mayer, os Irmãos Warner e Harry Cohn não se deu pelo interesse tecnológico ou artístico, mas já em seus primeiros passos pelo caráter da distribuição dos filmes. O estilo kitsch que caracterizaria esse novo meio cultural demonstraria que os judeus não eram competentes apenas em termos de alta cultura, ao mesmo tempo que um dos magnatas lembra que só poderia ser um excelente negócio algo que era ofertado depois de já ter sido pago. Assim surgem sejam os exuberantes musicais de Busby Berkeley ou ...E O Vento Levou (1939). A imagem do perseguido, forte reflexo da cultura judaica, ganhará múltiplas representações, seja em Frankenstein (1931), King Kong (1933) ou Vinhas da Ira (1940). Na época da Segunda Guerra se intensificam os esforços de propaganda e os judeus, assim como outras minorias, podem ser assimiladas sem maior desconforto à sociedade americana, que possui agora um inimigo maior a combater: os nazistas. Ainda assim, dada a neutralidade americana até 1941, apenas dois filmes se arriscam a fazerem propaganda anti-nazista antes do ingresso dos EUA na Guerra: Confissões de um Espião Nazista (1939) e O Grande Ditador (1940). Finda a Guerra, a ameaça que agora divide a indústria cinematográfica é a da paranoia anti-comunista com o Macarthismo. Com o desfacelamento do sistema de estúdios, os grandes magnatas vão literalmente sumindo do mapa, muitos deles morrendo ainda nos anos 50. Com depoimentos de descendentes dos chefões dos estúdios, assim como de cineastas daquela época como Dmytryk, o filme traz cenas de mais de 90 filmes. Embora tanto em termos de dados históricos quanto de imagens não apresente grandes novidades - até mesmo por lidar com as produções mais populares de cada época – sua lúcida e coerente reconstituição histórica é tanto instigante pela riqueza de detalhes quanto didática. Mesmo com poucas imagens que não sejam conhecidas, o filme traz, por exemplo, o momento em que Walt Disney lava as mãos com relação a empregados de sua empresa frente às investigações anti-comunistas, adotando uma postura que logo será a mesma de todos os outros grandes chefões. Entre as cenas compiladas se encontram momentos de O Nascimento de uma Nação (1916), O Cantor de Jazz (1927),  Scarface (1932), Aconteceu Naquela Noite (1934), Fúria (1936), O Mágico de Oz (1939), Correspondente Estrangeiro (1940), Casablanca (1942), A Sombra de uma Dúvida (1943), Pacto de Sangue (1944), Os Brutos Também Amam (1953), Spartacus (1960), Doutor Jivago (1965), O Dia do Gafanhoto (1975), O Último Magnata (1976), Barton Fink (1991) e Independence Day (1996). A&E. 98 minutos.


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