Filme do Dia: Piaf (2007), Olivier Dahan
Piaf (La Môme, França/Reino Unido/Rep. Tcheca, 2007). Direção: Olivier
Dahan. Rot. Original: Olivier Dahan & Isabelle Sobelman. Fotografia: Tetsuo
Nagata. Música: Christopher Gunning. Montagem: Richard Marizy. Dir. de arte:
Olivier Raoux, Beata Brendtnerová, Mick
Lanaro, Laura Lepelley & Stanislas Reydellet. Cenografia: Stéphane
Cressend, Petra Kobedova & Cecile Vatelot. Figurinos: Marit Allen. Com: Marion Cotillard, Sylvie
Testud, Pascal Greggory, Emmanuele Seigner, Jean-Paul Rouve, Gerard Depardieu,
Clotilde Courau, Jean-Pierre Martins, Manon Chevallier.
A
trágica vida de Edith Piaf. Abandonada pelos pais, cresce nos pardieiros e
prostíbulos, sendo “adotada” por Titine (Seigner). É descoberta, quando canta
nas ruas, pelo empresário Louis Leplée (Depardieu), que logo é assassinado por
pessoas próximas a ela. Sua carreira só consegue destaque quando ela
(Cotillard) passa a se associar ao exigente Louis Barrier (Gregory). No auge de
sua carreira vai morar em Nova York onde conhece e se apaixona perdidamente
pelo pugilista Marcel Cerdan (Martins), que morre tragicamente em um acidente
de avião quando ia visitá-la. Dor que se soma a perda de uma filha por meningite no início de
sua carreira. A partir da morte de Marcel, torna-se viciada e sua carreira
declina, muitas vezes abandonando o palco ou se recusando a enfrentá-lo. Já em
estado físico bastante debilitado, decide cantar no Olympia de Paris quando
descobre a canção Non, Je Ne Regrette
Rien, que acredita ser a sua própria história.
Produção bem cuidada e interpretação
mimética da atriz principal procura esconder a falta de criatividade em uma
narrativa contada de modo entrecortado, mesclando cenas da infância e juventude
de Piaf com seus anos de glória e ocaso. Como exemplo de abuso de clichês
visuais, pode-se citar o momento em que Piaf criança recupera a visão e
observamos um plano subjetivo da câmera desfocada gradualmente entrar em foco.
Apesar do filme raras vezes apelar para cenas explicitamente melodramáticas,
tais como a separação entre Piaf criança de sua pretensa mãe adotiva, Titine,
existem momentos de explícito pieguismo, como quando a personagem, igualmente
criança, vê uma aparição de Santa Teresa, a santa a qual era devota, em meio as
cinzas de um engolidor de fogo do circo no qual vive. Longe se está aqui, da
utilização da biografia de uma personalidade célebre como pretexto para se
revisitar a própria história do país, como a arqueologia moral empreendida por
Fassbinder com relação a Alemanha em filmes como Lili
Marlene ou O Desespero de Veronika
Voss. Aqui se opta pela saída mais fácil e de maior apelo popular de
simplesmente se narrar uma história, apoiada nos valores de produção, na
reprodução de uma semelhança física tais como boa parte de produções
norte-americanas ou mesmo brasileiras do gênero (no último caso, Cazuza – O Tempo não Para como
protótipo), porém mesmo no caso de filmes que optaram por tal perspectiva
existem realizações menos insípidas, tais como De Lovely. Destaque para o raro momento de impetuosidade na
interpretação final de Non, Je Ne Regrette
Rien, à guisa de um grand finale.
Légende/TF1 Int./TF1 Film Prod./Songbird Pictures/Okko Prod./Canal +/Sofica
Valor 7/TPS Star para TFM. 140 minutos.
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