Filme do Dia: Blue Jay (2016), Alex Lehmann

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Blue Jay (EUA, 2016). Direção: Alex Lehmann. Rot. Original: Mark Duplass. Fotografia: Alex Lehmann. Música: Julian Wass. Montagem: Christopher Donlon. Dir. de arte: Margaret Box. Figurinos: Stacey Scheneiderman. Com: Mark Duplass, Sarah Paulson, Clu Gulager.
Fazendo compras no supermercado, Amanda (Paulson) reencontra Jim (Duplass) numa pequena cidade da Califórnia em que viveram uma forte relação amorosa nos tempos que eram colegiais. Jim a convida para um dia repleto de nostalgia, riso e ocasionais momentos de tensão, porém existem empecilhos para que eles cheguem a concretizarem o amor que ainda sentem um pelo outro.
Essa produção independente do diretor de fotografia Lehmann pretende evidentemente chamar a atenção como uma sensível produção independente, com uma equipe técnica praticamente risível de tão pequena diante de uma produção média ou mesmo modesta hollywoodiana, com ele igualmente acumulando o cargo de diretor de fotografia e com praticamente somente o par central em cena do início ao final – a breve exceção é uma ponta do veterano Gulager – e com Duplass acumulando igualmente funções como roteirista e produtor executivo. Os primeiros dez ou vinte minutos talvez o filme dê uma impressão de ser de fato algo distinto do que logo se percebe que será: algo sensível e inteligente que nos fará enredar tal como o casal enlevado e as interpretações – sobretudo a de Duplass – também sinalizam nesse sentido. O resultado final, no entanto, deixa a desejar sob diversos aspectos, o principal deles o excesso de sensibilismo e condescendência vivido pelos personagens e esperado de seus espectadores que trai os obstáculos de se enfrentar uma relação de amor (passada ou presente ou no presente a partir de elementos do passado como aqui) de maneira que consiga exportar a intensidade vivida pelos personagens para o público. E evidentemente jogar todo o peso apenas na dupla de atores seria demasiado, pois se eles estão bem, o mesmo não se pode dizer à altura das triviais encenação, música (melosa e redundante, ainda que em doses módicas), fotografia (em p&b, à guisa também do apelo autoral, e especialidade do diretor, aqui usando e abusando dos efeitos de focamento/desfocamento) e, golpe de misericórdia, roteiro. E aí quando se chega ao limite do ridículo involuntário, como na cena em que Jim começa a chorar, percebe-se que numa constelação de elementos mal articulados, somente a garra (e aparente improvisação, no caso) dos atores não pode muito. Talvez temeroso do peso excessivo e algo inverossímil de ser desenvolvido em um reencontro que não dura mais que algumas horas, o filme parece não se decidir entre avançar ou não no que havia de potencialmente mais dramático, até por em última instância esse inexistir, dentro da chave a ser lida que é a de pessoas perfeitamente comuns, que se poderiam encontrar no café da esquina ou no cinema decadente que dá título ao filme. O resultado é que entre lágrimas e explosões inesperadas de risos, como na cena final, ou ainda na utilização clichê de um tema musical identificado com a época do amor do casal (aqui No More I Love You) fica-se com a impressão que talvez esse reencontro devesse ter permanecido como algo de marcante somente nos corações e mentes das duas personagens. Duplass Brothers Prod./Netflix/The Orchard para The Orchard. 80 minutos.



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