The Film Handbook#206: George Romero

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George Romero
Nascimento: 04/02/1940, The Bronx, New York City, New York, EUA
Morte: 16/07/2017, Toronto, Ontario, Canadá
Carreira (como diretor): 1968-2009

Apesar de um talento errático, George Andrew Romero permanece importante por seu desenvolvimento praticamente singular do cinema de horror de uma forma onde a ameaça era mais sugerida e ensombrecida para um recente gênero visceral no qual o sangue e a violência são grandemente explícitos.

Um ex-ator que havia feito filmes em 8 mm, Romero realizou sua estreia em um longa com A Noite dos Mortos-Vivos/Night of the Living Dead>1, um thriller de baixo orçamento no qual, por razões inexplicadas, os mortos retornam à vida como zumbis, com uma fome insaciável por carne humana. Além de seu austero e preciso trabalho de câmera e seu foco macabro no sanguinolento, foi notável tanto por seu pessimismo melancólico (os heróis em potencial, um irmão e uma irmã, são respectivamente assassinado e tornado insano pelo ataque de zumbis na cena de abertura, enquanto o personagem mais simpático, confundido com zumbi, é assassinado por vigilantes caipiras no clímax do filme) e por sua atitude cínica em relação às figuras da família e da autoridade. Menos genuinamente aterrador foi A Época das Bruxas/Jack's Wife (Season of the Witch), sobre uma entediada dona de casa suburbana que se interessa por ocultismo, e O Exército do Extermínio/The Crazies, no qual uma epidemia de maníacos homicidas causada por uma arma biológica secreta produz uma milícia governante tão letal quanto a ameaça que procura confinar. Mas com Martin>2, Romero retornava à forma: um thriller vampiresco contemporâneo, diz respeito a um adolescente sexualmente inseguro e emocionalmente perturbado, apavorado pelo temor que as alegações de seu primo mais velho - que ele se encontra amaldiçoado pela sede de sangue humano - sejam verdadeiras. De forma intrigante, o rapaz é observado com simpatia, enquanto o mundo exterior, especialmente sua família, é observado como grandemente opressivos. Ainda mais criativo e acusador da América moderna foi Despertar dos Mortos/Dawn of the Dead>3, a sequencia engenhosamente satírica e firme de A Noite  dos Mortos-Vivos no qual os agora numericamente superiores mortos perambulam pela terra a procura de centros comerciais, relembrando os antigos hábitos; os vivos, no entanto, não são melhores, com as ganas de consumo levando-os a lutarem entre si sobre bens de consumo essencialmente desprezíveis em um mundo primitivo e apocalíptico.

Nos anos recentes o gosto de Romero por um estilo de ação violento-cômico proveniente dos quadrinhos resultou em filmes de fantasia menos subversivos e mais convencionais. Cavaleiros de Aço/Knightriders, sobre competições entre motociclistas foi uma ambiciosa, mas auto-indulgente, atualização da Lenda do Rei Arthur e Creepshow; Arrepio do Medo/Creepshow, uma antologia de histórias de horror nada inspiradas escritas por Stephen King em homenagem a EC Comics. Um terceiro número de saga zumbi, Dia dos Mortos/Day of the Dead, no qual sobreviventes grandemente antipáticos discutem sobre se devem ou não tentar domesticar os mortos vivos enquanto escravos, foi adequadamente sanguinolento, mas ofereceu poucos avanços na avaliação furiosamente cáustica das aspirações humanas de seus filmes anteriores; nem tampouco pode Instinto Fatal/Monkey Shines - uma frequentemente ridícula história previsível de um homem paralítico cuidado, e posteriormente ameaçado,  por macacos treinados - reverter o declínio geral na avaliação crítica de Romero.

Visualmente macabra, a melhor obra de Romero, mesmo assim evidencia uma inteligência afiada. Ao mesmo tempo, a decisão de permanecer um realizador independente de baixo orçamento de Pittsburgh (locação da maior parte de seus filmes) permitiu-o evitar os compromissos que teria se tivesse se movido para Hollywood. Corre o risco, no entanto, de simplesmente retrabalhar seus filmes mais bem sucedidos ad nauseum e com resultados menores.

Cronologia
Ao romper com a tradição sugestiva de horror tornada pioneira por figuras como Whale e o produtor Val Lewton, para não mencionar o estilo lúgubre, mas inócuo, dos filmes da Hammer, Romero pode ser observado como tendo continuado o que Psicose de Hitchcock e o italiano Mario Bava haviam deixado de fora. Sua influência é observada em figuras como Carpenter, Cronenberg, De Palma, Wes Craven, Tobe Hopper, Sam Raimi, Dario Argento e Lucio Fulci. 

Leituras Futuras
Fantastic Cinema (Londres, 1984), de Peter Nichols.

Destaques
1. A Noite dos Mortos-Vivos, EUA, 1968 c/Duane Jones, Judith O'Dea, Russell Streiner

2. Martin, EUA, 1976 c/John Amplas, Lincoln Maazel, Christine Forrest

3. Despertar dos Mortos, EUA, 1977 c/David Emge, Ken Foree, Gaylen Ross

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 245-7.


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