Filme do Dia: Colóquio de Cães (1977), Raoul Ruiz
Colóquio
de Cães (Colloque de Chiens, França,
1977). Direção: Raoul Ruiz. Rot. Original: Nicole Muchnik & Raoul Ruiz.
Fotografia: Denis Lenoir. Música: Jorge Arriagada. Montagem: Valeria Sarmiento.
Figurinos: Yves Hersen & Fanny Lebihan. Com: Eva Simonet,
Robert Darmel, Silke Humel, Frank Lesne, Marie Christine Poisot, Hugo Santiago,
Genevieve Such, Laurence Such, Michel Such, Pierre Olivier Such.
Garota descobre através de um colega de escola
que não é filha da mulher com quem vive. Essa confirma tudo e diz ela ser filha
de Monique. A garota visita Monique, que afirma que não tinha como criá-la.
Desapontada com o episódio, Monique passa a ter uma vida dissoluta, somente
pensando em sexo e dinheiro, enveredando posteriormente pela prostituição.
Certo dia recebe a visita de um ex-amigo de infância, Henri. Os dois se
interessam um pelo outro. Passam a viver juntos e tem um filho. Trabalham e são
felizes montando um pequeno café. Alice, uma amiga de Monique dos tempos de
prostituição a chantageia. Monique cede. Henri se sente atraído por Alice. Melancólica com o envolvimento do marido com
Alice, Monique se afasta com o filho em um parque que foram passar o final de
semana. Mata-o e depois se mata. Henri se une a Alice que conta tudo a ele
sobre o passado de ambas e também da relação que mantiveram. Cego e
desorientado pelas revelações, Henri mata Alice e picota seu corpo em pequenos
pedaços que espalha pela região. Após o crime parte para Marselha onde passa a
viver uma vida dissoluta. É preso e condenado por cinco anos por um pequeno
crime. Efetua uma operação de mudança de sexo, tornando-se Odille e adota um
pequeno órfão, Luigi e passa a tomar conta de um bar. Certa noite um jovem
descontrolado adentra o bar e mata Odille. Luigi é confrontado pelos colegas de
escola a respeito de sua mãe ter sido morta pelo amante. Luigi refuta que ela era
sua mãe.
Admiravelmente estranho menos por sua
estrutura visual, francamente herdeira de La Jetée (1962), de Marker, em que fotos fixas emolduram sua narrativa, com
breves respiros de imagens em movimento de “sociabilidade canina” ou
simplesmente ações cotidianas quaisquer, que pelos usos que faz dessa estrutura
visual, cujo efeito em grande parte é proporcionado por um uso tampouco
convencional da música e por uma voz over inflexível que narra todos os eventos
observados. Desse casamento entre uma narrativa mais próxima do grand guignol que do universo dos
sentimentos doídos das fotonovelas, aos quais as imagens remetem de forma algo
evidente e de uma circularidade repetitiva entre atos efetuados pelos
personagens que reproduzem os de outros observados previamente (a criança na
escola tendo que lidar com suas origens “controversas”, o envolvimento afetivo
de Monique e Henri, assim como Alice e esse, a crescente decadência, a
determinado momento da vida, de Monique, assim como de Henri) levando em conta,
inclusive, detalhes secundários (o momento em que Monique cede ao desejo de
ficar com um paciente do hospital no qual trabalha, assim como de Henri de
ficar com um preso com o qual divide a cela) se constrói um exercício formal
bastante intrigante e não tão árido quanto o de incursões ainda mais
sofisticadas prévias tais como a de Alain Resnais (O Ano Passado em Marienbad). Filmoblic/L’Office de la Creation
Cinematographique. 20 minutos.
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