Filme do Dia: Os Mansos (1976), Pedro Carlos Rovai, Braz Chediak & Aurélio Teixeira
Os
Mansos (Brasil, 1976). Direção: Pedro Carlos Rovai (A B...de Ouro), Braz
Chediak (“O Homem dos Quatro Chifres”) & Aurélio Teixeira (“O Homem, a
Mulher e o Etc. numa Noite de Loucuras”). Rot. Original: André José Adler &
Lauro César Muniz (“A B...de Ouro”), Braz Chediak & Aurélio Teixeira (“O
Homem dos Quatro Chifres”) ((“O Homem, a Mulher e o Etc. numa Noite de
Loucuras”). Fotografia: Hélio Silva. Música: Dom Salvador & Marco Versiani.
Montagem: Raimundo Higino. Com: Sandra Bréa, Mario Benvenutti, José Lewgoy,
Zezé Macedo, Paulo Coelho, Felipe Carone, Ary Fontoura, Sandra Silva, Eloísa
Mafalda, Mário Petráglia, Aurélio Teixeira, Pepita Rodrigues, Izabel Sílvia,
Braz Chediak, Almir Look, Karina.
A B...de Ouro. Jovem (Bréa) é assediada por
homem (Benvenutti), obcecado por traseiros femininos, que promete pagar uma
fortuna se ela deixar ele passar a mão em seu traseiro. O marido dela (Lewgoy),
que se interessa somente por negócios e muito pouco por ela, fica
crescentemente interessado e pretende lucrar com a situação. O Homem de 4
Chifres. Armando (Coelho) vive uma vida tranquila com a mulher (Silva) até ser
descoberto que ela o trai com seu melhor amigo (Petráglia). Quem flagra com
frequência as traições dela é um guarda noturno (Fontoura) próximo da família.
Pressionado pelos pais (Mafalda e Carone) e até pelo irmão pequeno, ele decide
tomar uma decisão. O Homem, a Mulher e o Etc. Três amigos (Teixeira, Chediak e
Look) se encontram no aniversário de um deles, com o intuito de vivenciarem
aventuras amorosas. Um deles inventa que viaja a negócios para São Paulo aos
finais de semana e encontra uma mulher (Rodrigues) atraente numa festa, que o
leva justamente para seu próprio apartamento. O outro termina pelado em meio a
praia, tornando-se curiosidade de um grupo de turistas. O terceiro tem seu
encontro na garçonnière do amigo que foi para o próprio apartamento, só que a
garota vem a ser um travesti.
Essa típica pornochanchada, sob o formato de
sketches, longe de ser algo fora do comum no gênero, pretende capitalizar em
cima da figura de homens que cedem suas mulheres de uma maneira ou de outra em
termos de liga entre os episódios, ainda que evidentemente o maior sentido de
tudo se encontra nas relativamente pudicas cenas em que as mulheres e/ou homens
se despem. Canhestro tanto em termos de elaboração dos argumentos – a
determinado momento se acredita que se está assistindo outro filme, e depois de
algum tempo é que se observa novamente de volta os personagens de O
Homem, a Mulher e o Etc. numa festa -
como visualmente, tais produções contavam com o apelo do público ao
trazer atores vinculados à televisão (ao início do episódio de O Homem dos 4 Chifres não se deixa de
frisar que Mafalda, Carone e Fontoura foram cedidos pela Globo). Se no primeiro
episódio tem-se a típica exploração visual exclusivamente do corpo feminino, em
O Homem dos 4 Chifres ao menos três
atores também são observados em situações de indumentária sumária, na maior
parte das vezes com pretendido efeito cômico, como é o caso do amante da mulher
do guarda noturno que é flagrada quando acreditavam estar flagrando a mulher de
Armando. A canastrice impera, sobretudo no segundo episódio, com Mafalda se fazendo
passar por matriarca italiana, Paulo Coelho em uma de suas poucas e
constrangedoras incursões como ator fazendo o papel do filho apalermado e
“cornuto” e Petráglia, de inexpressividade quase angelical como a dos elencos
dos filmes de Pasolini, como o padeiro que é flagrado pelo melhor amigo em cena
de sexo com a esposa em episódio que findará por uma indicação de saída erótica
para ambos em solução típica do gênero, embora o episódio dos três talvez seja
o que mais possivelmente se perceba algo como a possibilidade potencial de
desconstrução dos clichês do próprio gênero. Carone, ator tipicamente de
caracterização, é exceção nesse oceano
de mediocridade nas interpretações, acentuado ainda mais pela canhestra dublagem,
o que torna ainda mais irônico o nome de sua produtora. Sincro Filmes. 95
minutos.
Comentários
Postar um comentário