The Film Handbook#173: John Brahm

Resultado de imagem para john brahm

John Brahm
Nascimento: 17/08/1893, Hamburgo, Alemanha
Morte: 11/10/1982, Malibu, Califórnia, EUA
Carreira (como diretor): 1936-1957

Apesar de nunca um diretor maior, durante os anos 40 o subestimado John (nascido Hans) Brahm realizou diversos suspenses cuja criatividade visual, personagens vívidos e rica atmosfera permanecem efetivos até hoje.

Filho de um diretor de teatro,  dirigiu  nos teatros vienense e berlinense até 1934, quando a ascensão dos nazistas levou-o a emigrar para a Inglaterra. Após trabalhar brevemente como roteirista e supervisor de produção, realizaria sua estreia na direção cinematográfica com uma refilmagem de Lírio Partido de Griffith, notável principalmente por sua evocação da decadente região de Limehouse em Londres. Em 1937 ele abandonou a Inglaterra por Hollywood e uma carreira de filmes-B rotineiros tais como O Segredo do Monstro/The Undying Monster (um suspense sobre um lobisomem) e A Hipócrita/Guest in the House que ganharam classe através do sinistro e melancólico efeito produzido pelo trabalho de câmera de Lucien Ballard e Lee Garmes.

Em meados dos anos 40, Brahm subitamente acerta o passo. Ódio Que Mata/The Lodger>1 foi um retrato surpreendentemente simpático de Jack, o Estripador, com o corpulento Laird Cregar atuando de forma maravilhosamente melancólica enquanto um monossilábico médico, com ódio psicopata de atrizes. Ainda mais impressionante, e talvez influente, tenha sido a visão sutil da Londres vitoriana enquanto uma cidade esquizofrênica: a segura e confortável morada da família com a qual Cregar se hospeda astutamente contrastada com as ruas sombrias e enevoadas habitadas pelos pobres e assombradas pelo assassino.

Mesmo possuindo um enredo absurdo, Concerto Macabro/Hangover Square>2, um segundo suspense de época ambientado em uma Londres criada em estúdio, pode ter sido o melhor momento de Brahm. Da uma história de um compositor louco (Cregar em estilo extravagante) que se torna assassino sempre que escuta dissonâncias, o diretor moldou um suntuoso psicodrama de uma épica lunática, mas surpreendente convicção. Visualmente arrojado (o simbolismo atinge seu clímax com um enlouquecido Cregar jogando sua última vítima de um maciça fogueira celebratória da noite de Guy Fawkes*), também se beneficia de uma trilha sonora ribombante e impressionantemente cacófona de Bernard Hermann.

Angústia/The Locket>3, um noir freudiano sobre uma cleptomaníaca, que é também uma mentirosa compulsiva, foi mais convencional, exceto por sua estrutura de caixa chinesa, de flashbacks dentro de flashbacks dentro de flashbacks ser autêntica e surrealmente onírica. A Moeda Trágica/The Brasher Doubloon, no entanto, abandona o tom áspero do romance de Chandler pelas armadilhas góticas e elegância da elite dos filmes de suspense londrinos de Brahm. Desde então, no entanto, mergulharia em relativa obscuridade, onde suas prolíficas contribuições para séries como The Outer Limits, Johnny Staccato, Alfred Hitchcock Apresenta e Além da Imaginação/The Twillight Zone permitiu-lhe satisfazer seu gosto pelas atmosferas enevoadas, pelas quais é mais lembrado.

Cronologia
Brahms permanece ao lado de emigrantes alemães como Lang e Siodmak enquanto um inventivo artista visual, marcado pela herança do Expressionismo e por um interesse mórbido pelo comportamento psicopata. 

Destaques
1. Ódio Que Mata, EUA, 1944 c/Laird Cregar, Merle Oberon, George Sanders

2. Concerto Macabro, EUA, 1945 c/Laird Cregar, Linda Darnell, George Sanders

3. Angústia, EUA, 1946 c/Laraine Day, Brian Aherne, Robert Mitchum

Texto: Andrew, Geoff. The Film Handbook. Londres: Longman, 1989, pp. 34, 

* a chamada Guy Fawkes Night festeja o episódio da tentativa de Fawkes, soldado católico inglês,  de tentar explodir o parlamento de seu país e matar o rei protestante Jaime I, em 1605.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Filme do Dia: Der Traum des Bildhauers (1907), Johann Schwarzer

Filme do Dia: Quem é a Bruxa? (1949), Friz Freleng

A Thousand Days for Mokhtar