Filme do Dia: Além da Vida (2010), Clint Eastwood
Além da
Vida (Hereafter, EUA, 2010). Direção:
Clint Eastwood. Rot. Original: Peter Morgan. Fotografia: Tom Stern. Música:
Clint Eastwood. Montagem: Joel Cox & Gary Roach. Dir. de arte: James J.
Murakami & Patrick M. Sullivan Jr. Cenografia: Gary Fettis. Figurinos:
Deborah Hopper. Com: Matt Damon, Cécile De France, Frankie McLaren, George
McLaren, Bryce Dallas Howard, Richard Kind, Jay Mohr, Thierry Neuvic.
Marie
Lelay (De France) é uma jornalista francesa em férias com o amante e chefe que se
torna vítima de uma tsunami e sofrendo uma concussão cerebral. George Lonegan
(Damon) é um americano solitário que sonha em vivenciar um amor e é pressionado
pelo irmão (Mohr) a voltar a ganhar dinheiro com a mediunidade que conquistou
após uma experiência limítrofe com a morte. Os gêmeos britânicos Marcus
(Frankie McLaren/George McLaren) e Jason (Frankie McLaren/George McLaren)
sofrem o cotidiano de conviverem com uma mãe viciada (Howard). Marie é afastada
do emprego e aceita escrever a biografia de Mitterrand, mas se dedica a
escrever sobre suas próprias sensações após o acidente. Jason morre atropelado por um carro e Marcus vê o corpo do
irmão morto, guardando-lhe o boné. A mãe não suporta a tragédia e Marcus é
adotado por uma família. Lonegan abandona os planos do irmão de retornar para o
negócio da mediunidade e parte para a Inglaterra, disposto a conhecer a casa de
seu ídolo cultural, Charles Dickens. Em uma feira literária, Marcus, que havia
tentado contato com vários tipos de supostos médiuns, reconhece Lonegan, ao
mesmo tempo em que esse havia encontrado há pouco Marie, que lança um livro
sobre um tema em uma editora especializada. Marcus, após muita insistência, faz
contato com o irmão através de Lonegan e lhe passa o contato de Marie. Ele
volta a ser acolhido pela mãe, enquanto Lonegan e Marie se encontram.
Os
impressionantes efeitos iniciais do filme, utilizados com uma expertise rara em
produções que não são voltadas para o gênero até sugerem algo mais auspicioso do
que o canhestro melodrama espírita, seguindo uma corrente, sem a duplicidade
que sugere a palavra, que parece ser internacional e ao qual o Brasil não
passou despercebida. De fato do uso de tragédias reais, como a tsunami do
sudeste asiático e o atentado ao metrô de Londres como simples pano de fundo
para sua banal trama até a presunçosa homenagem ao gênio moralista de Dickens
que, no entanto, situava seus personagens em um chão social bem mais realista
do que a abstração quase espiritual que parecem se mover os personagens aqui
apresentados, tudo funciona contra o filme. Algo que também fica demarcado nos
toscos efeitos especiais que representam os segundos de contato com que o
médium possui acesso aos espíritos do além. De France parece traduzir a própria
expressão do patético no filme em seu próprio rosto, do início ao final. Derek
Jacobi faz uma ponta como si próprio engajado em uma leitura de Dickens. Um título
mais apropriado seria “aquém da vida”. Warner Bros./The Kennedy-Marshall
Comp./Malpaso Prod./Amblin Ent. Para Warner Bros. Pictures. 129 minutos.
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