Filme do Dia: Bonitinha, mas Ordinária (1963), J.P. de Carvalho
Bonitinha, mas Ordinária (Brasil, 1963). Direção: J.P. de
Carvalho. Rot. Adaptado: Jorge Dória, baseado na peça de Nélson Rodrigues.
Fotografia: Amleto Daissé. Música: Carlos Lyra. Montagem: Rafael Justo
Valverde. Cenografia: José Cajado Filho. Com: Jece Valadão, Odete Lara, Lia
Rossi, Marlene Blanco, André Villon, Fregolente, Monah Delacy, Roberto
Bataglin, Ida Gomes, Maria Gladys, Milton Carneiro.
Edgar (Valadão), rapaz de origem
humilde, é “contratado” pelo patrão inescrupuloso Werneck (Fregolente), através
de seu intermediário, Peixoto (Villon), para casar sua filha Maria Cecília
(Rossi), vítima de estupro coletivo. Porém, Edgar vacila, já que tanto está
apaixonado pela vizinha professora, Ritinha (Lara), como teme se transformar em
cópia do crápula desesperançado que é Peixoto, também genro de Werneck. A
aparência de pureza de Ritinha é desmentida por sua declaração que bancava as
irmãs e a mãe inválida se prostituindo, após ter sido violada pelo patrão.
Ritinha entra em colapso quando presencia as irmãs serem violadas em uma festa
orgíaca na casa de Werneck. Edgar, por sua vez, percebe que seu afastamento de
Ritinha para a pretensa pureza de Maria Cecília demonstra ser equívoca, já que
a curra da garota por três homens negros foi pedida pela própria vítima. Edgar a
abandona, e o cheque milionário do patrão, para buscar uma nova vida ao lado de
Ritinha.
Adaptação que, descontados os limites
morais do momento em que foi produzida, já antecipa o realismo chão de
adaptações que pulularam entre o final dos anos 1970 e o início da década
seguinte, incluindo a segunda adaptação do mesmo texto, de 1981. Nesse sentido,
o filme não deixa de sinalizar claramente para o apelo erótico, seja na
seqüência em que Ritinha é violada pelo patrão, no bacanal da casa de Werneck
(reproduzindo aqui uma imagem da elite que o Cinema Novo enfocaria em diversos
filmes) ou na insinuação homo-erótica de Werneck com Edgar. De qualquer modo,
mesmo menos pretensioso, a opção estilística e o ritmo da narrativa são bem
mais sucedidos que outra adaptação contemporânea, O Beijo, de Flávio
Tambellini. Magnus Film. 90 minutos.
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