Filme do Dia: Marty (1955), Delbert Mann
Marty (EUA, 1955). Direção: Delbert Mann. Rot. Original:
Paddy Chayefsky baseado em seu próprio argumento. Fotografia: Joseph LaShelle.
Música: Roy Webb. Dir. de arte: Ted Haworth & Walter M. Simonds.
Cenografia: Robert Priestley. Figurinos: Norma Koch. Com: Ernest
Borgnine, Betsy Blair, Esther Minciotti, Augusta Ciolli, Joe Mantell, Karen
Steele, Jerry Paris.
Marty (Borgnine) é um açougueiro de
34 anos que vê sem maiores expectativas o seu estado de solteiro. Vivendo no
Bronx em Nova York com sua mãe (Minciotti), ele se vê pressionado por todos,
inclusive ela, para vir a se casar. Sua situação parece mudar de figura quando
ele conhece Clara (Blair), tão acanhada e desprezada nos bailes quanto ele
próprio. Porém, tanto sua mãe quanto seu círculo de amizades, homens solteiros
que gastam suas noites indo atrás de locais onde potencialmente poderão encontrar
garotas que aplaquem suas solidões, não parecem simpatizar com Clara. Marty,
decide, no entanto, que esse círculo vicioso de ansiedade e insatisfação
somente poderá ser transformado se ele tomar uma atitude positiva com relação a
Clara.
Esse, que foi o único filme até hoje
a colecionar tanto o Oscar de melhor filme quanto a Palma de Ouro em Cannes,
parece ter sido superestimado à época de seu lançamento. Não que a história
desse homem comum da classe média baixa, vivendo angústias tão comuns não tenha
lá seu charme. Porém, a visão desse então pouco habitual universo
desglamourizado parece um tanto quanto auto-condescendente e despido de uma
sensibilidade que supere com maior folga os clichês como os filmes de Ida Lupino contemporâneos, a exemplo de O Bígamo. A impressão que fica é que todo o drama vivido por Marty é
resultante muito mais da pressão exterior do que propriamente de um incômodo
interior. Algo que parece ficar selado de vez no desenlace final, no qual o
herói literalmente rompe com sua“adolescência tardia” ao fechar a cabine de
telefone para o amigo e ligar para a sua nova conquista. Nem ao menos se
vislumbra mais detidamente a relação de ambos ou o momento em que essa será confirmada
a partir também da perspectiva da garota. O que mais importa é salientar seu
efetivo enfrentamento com o seu cotidiano paralisador. Tampouco o subenredo da
velha tia de Marty que vai viver com ele e a mãe parece dizer a que veio
permanecendo extremamente subdesenvolvido e desnecessário. Existe uma versão 3
minutos mais longa, na qual há ma seqüência em que Clara discute seu encontro
com Marty com os pais. O argumento já havia sido utilizado por um telefilme com
Rod Steinger como protagonista. Hill-Hecht-Lancaster
Prod. para United Artists. 91 minutos.
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