Filme do Dia: Onde a Terra Acaba (2001), Sérgio Machado


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Onde a Terra Acaba (Brasil, 2001). Direção e Rot. Original: Sérgio Machado. Fotografia: Antônio Luiz Mendes. Música: Ed Cortês & Antônio Pinto. Montagem: Isabelle Rathery. Dir. de arte: Cássio Amarante & Mônica Costa.
Admirável documentário sobre Mário Peixoto (1908-92), realizador de um dos maiores clássicos do cinema brasileiro, Limite (1930). A força do filme advém de sua união de uma bem documentada incorporação de material fotográfico e de arquivo (inclusive, raras cenas do original Onde a Terra Acaba, que seria o segundo filme de Peixoto, jamais concluído e flagrantes da produção de Limite) a uma sensibilidade que consegue se apropriar de elementos do universo estético do biografado na sua própria forma, no caso em questão a delicadeza e o vagar com que tudo é narrado. Além, é claro, da incorporação na trilha sonora da mesma peça de Satie pensada para Limite e uma evidente pesquisa na utilização da fotografia em p&b. Contando com depoimentos do próprio Peixoto (que relembra, num dos melhores momentos do filme, a maestria técnica do fotógrafo Edgar Brasil) e de pessoas próximas a ele, seja uma das atrizes de Limite, um morador da região que assistiu as filmagens ou um dos caseiros do sítio em que o cineasta viveu boa parte de sua vida, esse perfil intimista nem precisaria contar com depoimentos genéricos sobre o cineasta como os de Cacá Diegues e Nélson Pereira dos Santos, ao contrário dos de Rui Solberg e, principalmente, Walter Salles, que acrescentam algo do contato pessoal travado com Peixoto. Tampouco o recorrente recurso a um narrador para diversas passagens dos diários pessoais do cineasta (na voz de Matheus Nachtergaele) foge ao controle do projeto como um todo, sendo de uma contenção exemplar para os padrões do ator. Curiosamente, a produção de um filme dirigido por Octávio Gabus Mendes encamparia o título da produção não efetivada de Carmen Santos, para uma adaptação de José de Alencar também com a atriz, em 1933. Filme de estréia do cineasta Sérgio Machado. Videofilmes. 75 minutos.

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