Filme do Dia: O Tambor (1979), Volker Schlöndorff
O Tambor (Die Blechtrommel, Al. Ocidental/França/Polônia/Iuguslávia, 1979).
Direção: Volker Schlöndorff. Rot. Adaptado: Jean-Claude Carriére, Volker
Schlöndorff & Frank Seitz, a partir do romance de Günter Grass. Fotografia:
Igor Luther. Música: Maurice Jarre. Montagem: Suzanne Baron. Dir. de arte:
Piotr Dudzinsk, Zeljko Senecic & Nicos Perakis. Cenografia: Marijan
Marcius, Edouard Pezzolli & Paul Weber. Figurinos: Inge Heer, Dagmar
Niefind & Yoshio Yabara. Com: David Bennent, Mario Adorf, Angela Winkler,
Katharina Thalbach, Daniel Olbrychski, Charles Aznavour, Tina Engel, Berta Drews,
Roland Teubner, Mariella Oliveri.
Dantzig. Oskar Matzerath (Bennent) é
uma criança que decide, aos três anos, por sua livre decisão, parar de crescer
após se jogar da escadaria da adega de sua família. Além de não mais crescer,
Oskar consegue lançar um grito tão agudo que estilhaça vidros. Sua mãe, Agnes
(Winkler), divide-se entre o marido comerciante e bonachão, Alfred (Adorf) e o
amante polaco Bronski (Olbrychski). O nazismo ascende ao poder. Agnes, grávida
e atormentada, suicida-se. Bronski cai na mão dos nazistas. Maria (Thalbach),
que se torna criada da casa, também é o primeiro objeto de amor de Oskar.
Embora se envolvam em inúmeras brincadeiras sexuais, um dia ele a flagra
fazendo sexo com Alfred. Ao se tornar grávida, Oskar acredita que seja seu
filho, e pretende lhe dar um tambor aos 3 anos e também fazer com que pare de
crescer. Impulsionado por um amigo anão, parte em turnê com um grupo
circense e se envolve com uma anã, Roswhita (Oliveri), que morre pouco após,
com a chegada do exército americano. Retornando a casa de sua família, conhece
o irmão (filho?) e sela a sorte de Alfred, ao lhe entregar a sua insígnia de
membro do partido nazista quando o exército americano invade a casa da família.
Sem conseguir se livrar da mesma, Alfred tenta engoli-la, passa mal e é
metralhado. Na cova do pai, joga o tambor e decide voltar a crescer.
É curiosa a intensa recepção crítica
desse filme quando de seu lançamento – ao amealhar, inclusive, o feito
alcançado por poucos de acumular o Oscar de filme estrangeiro e a Palma de Ouro
em Cannes – que ajudaria a divulgar o Novo Cinema Alemão no estrangeiro, no
momento em que já começa a vivenciar seu eclipse. Dotado de um perfil de
produção impensável alguns anos antes e mesmo contemporaneamente para a maior
parte dos realizadores alemães, essa adaptação de um romance (escrito em 1959
pelo Prêmio Nobel de 40 anos após, Günter Grass), uma das especialidades do
cineasta, em muito se afasta do resultado mais sólido conseguido em produções
anteriores, tais como O Jovem Törless
(1966) ou A Honra Perdida de Katharina Blum (1975). Em grande parte isso se deve a nada de peculiarmente notável,
seja em termos narrativos, estilísticos ou ideológicos no filme. Acompanha-se,
sem qualquer esforço de empatia ou igualmente de distanciamento crítico, uma
trajetória que remete a antes do nascimento do protagonista. E já nessa cena,
que apresenta um esforço de humor que remeteria a Polanski, caso bem sucedido,
quando o avô de Oskar consegue se safar ao se meter em baixo das várias saias
daquela que acabará se tornando sua esposa, já se percebe a tônica que seguirá
seu longa metragem. Em termos
estilísticos, o filme remete ao universo de um cinema de arte nos limites do
cinema comercial tradicional, algo um pouco menos visível na produção anterior
do cineasta. Em termos ideológicos, a sua alegoria da rebeldia do garoto para
com a sociedade que se conforma ou adere à ascensão do nazismo, aparentemente
resolvida com o final da guerra e a morte do pretenso pai soaria demasiado
fácil e esquemática para realizadores como Fassbinder, a quem o Milagre
Econômico que sucedeu a guerra é que se tornará alvo de seu olhar crítico na
trilogia que começa a esboçar pouco antes do lançamento desse filme. Por essa
lógica, tudo que Oskar observava como corrompido na natureza humana parece ser
fruto, portanto, da contaminação pelo Mal que veio e se foi com o nazismo. As
cenas eróticas envolvendo seu ator-mirim podem se tornar um empecilho,
sobretudo para as sensibilidades das gerações posteriores. Talvez a única
seqüencia efetivamente digna de nota seja a do nascimento de Oskar, observado
da perspectiva do próprio garoto, já integralmente consciente de tudo. Argos
Films/Artémis Prod./Bioskop Film/Film Polski Film Agency/Franz Seitz Filmproduktion/GGB
14/Hallelujah Films/Jadran Film para United Artists. 142 minutos.
Oque aconteceu com a atriz Olivieri ?
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