Filme do Dia: O Circo (1928), Charles Chaplin

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O Circo (The Circus, EUA, 1928). Direção, Rot. Original, Música e Montagem: Charles Chaplin. Fotografia: Roland Totheroh. Dir. de arte: Charles D. Hall. Com: Charles Chaplin, Merna Kennedy, Al Ernest Garcia, Harry Crocker, George Davis, Henry Bergman, John Rand, Steve Murphy.
Carlitos (Chaplin) tem uma carteira roubada por um batedor (Murphy) em seu bolso, sem o saber. Ao descobrir, sua primeira atitude é a de comprar comida mas logo o batedor e a polícia chegam ao seu encalço. Fugindo da polícia entra inadvertidamente em um número circense, provocando enorme sucesso de público. É convidado pelo proprietário do circo (Garcia) a fazer parte do mesmo. Engraça-se pela enteada do proprietário, Merna (Kennedy), vítima de suas truculências. Porém, quando vai se apresentar aos membros do circo, não é considerado como possuidor de nenhum talento cômico. Alguns testes são feitos para números já prontos do circo. O circo prospera. Carlitos, apesar das trapalhadas, permanece nele. Não apenas permanece, como se torna a grande atração, apesar de continuar sendo explorado no trabalho, como lhe alerta Merna. Quando Carlitos pensa que a cigana prevê como casamento para Merna ele próprio, trata-se do equilibrista Rex (Crocker). Ao tomar ciência, sua estrela parece minguar e não mais divertir ninguém. Após substituir certo dia o equilibrista e deixar todos praticamente em pânico dos apuros que passa no alto –  a corda de segurança  que o guiava se solta de seu corpo – Carlitos se envolve numa discussão com o proprietário do circo e é demitido. A noite Merna decide fugir com ele. Esse a deixa esperando e vai ao encontro de Rex. Os dois se casam e Carlitos é a testemunha. Quando retornam ao circo fazem com que ele seja readmitido a trupe, mas  permanece sozinho enquanto a caravana parte.
Provavelmente o mais fraco dos longas de Chaplin. Quando equiparada a um drama contemporâneo de idênticas raízes melodramáticas e bem menos conhecido (Ridi, Pagliacci!), soa menos interessante ao público contemporâneo de quase nove décadas após por motivos diversos: o maniqueísmo muito mais acentuado, personificado na figura do padrasto da mocinha; como no filme de Brenon a mocinha aqui se encontra dividida entre o protagonista e seu oponente e também escolhe o oponente, mas o modo como tal “triângulo” virtual é elaborado é aqui muito menos interessante, sendo que o equilibrista surge como puro efeito Deus Ex Machina na narrativa, automaticamente após a previsão da cigana; por fim, a vitimização e destituição de erotismo da figura feminina, despe-a de qualquer carga afirmativa, o que também pode ser estendido para a própria figura de Carlitos. As saídas dramático-cômicas parecem muito mais decorrentes de fórmulas já desgastadas, o que não deixa de ser curioso quando se observa que o filme de Brenon é uma adaptação do mestre do teatro melodramático, David Belasco. O que leva talvez ao golpe de misericórdia com relação à comparação entre ambas as produções. O perfeito senso de ritmo narrativo daquele e talento visual é aqui substituído por uma estrutura na qual as gags demandam maior peso que qualquer coerência ou organicidade narrativa maiores. Não faltam exemplos do talento de Chaplin nesse campo, seja na cena que entra por engano na jaula de um leão ao fugir do burro que sempre lhe persegue ou as agruras que sofre no alto do picadeiro, com um grupo de macacos a piorar a situação, porém o resultado final, incluindo nesse quesito o próprio desenlace da trama, são algo decepcionantes.  Como em seu longa anterior, Em Busca do Ouro, sua popularidade pode ser medida pelo inédito controle, aqui acrescido da música, além da montagem, roteiro, direção e interpretação principal sob sua batuta. Charles Chaplin Prod. para United Artists. 71 minutos.

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