Filme do Dia: Fra' Diavolo (1942), Luigi Zampa
Fra’ Diavolo (Itália, 1942). Direção: Luigi Zampa. Rot.
Adaptado: Luigi Zampa, a partir da peça de Luigi Bonelli & Giuseppe
Romualdi. Fotografia: Giovanni Vitrotti. Música: Constantino Ferri &
Umberto Paoletti. Montagem: Rolando Benedetti. Cenografia: Ivo Batelli &
Savino Fino. Figurinos: Giovanni Spellani. Com: Enzo Fiermonte, Elsa De Giorgi,
Laura Nucci, Cesare Bettarini, Agostino Salvietti, Carlo Romano, Loris Grizzi,
Marcello Giorda.
No final do século XVIII, Fra’
Diavolo (Fiermonte) é conhecido pelo exército napoleônico como bandoleiro e tido
como herói pelos camponeses, grupo social ao qual faz parte, por sua luta pela
libertação de Nápoles do domínio francês. Após casar com a influente e rica
Fortunata (Consiglio), ele se torna general do exército napolitano. Porém, a
vida doméstica e burguesa não o satisfaz, e ele continua a manter uma existência dupla, procurando salvar a pele de seus ex-companheiros de luta e mesmo
voltando a comandar uma rebelião contra os franceses, com a ajuda de sua
admiradora Gabriella (Nucci), que após vê-lo aprisionado e condenado à forca,
consegue um induto que o liberta no último momento.
Essa estreia de Zampa na direção em
nada faria supor o realizador que assinaria a soberba crônica dos anos sob o
fascismo que é Anni Difficili
(1948). Pode-se até argumentar que em ambos se encontram presentes elementos
que dizem respeito à história prévia e contemporânea da nação italiana, mas no
caso do primeiro esses evidentemente se encontram subjugados por sua narrativa
bem mais próxima dos filmes de ação contemporâneos ao estilo de Zorro, sendo
que a própria história do verdadeiro camponês que inspirou a peça na qual o
filme se baseia – que aliás viria a ser executado ao final – presta-se bastante
a tal apropriação. Talvez a maior virtude dessa produção seja conseguir
relativamente se desvencilhar de sua origem teatral, tornando-se uma narrativa
visual e algo como que uma prima pobre, em termos de gênero e de apropriação de
eventos históricos, do mais sofisticado e pretensioso drama que também envolve
a unificação italiana, ainda que num momento posterior, que é Piccolo Mondo Antico (1941), de Mario
Soldati. A desfaçatez e ambiguidade com que Diavolo faz uso da relação com as
duas mulheres que se apaixonam por ele não o tornam exatamente um exemplar de
herói romântico tal como o do filme de Soldati, o que soaria como uma opção
talvez demasiado pouco viril para as características do próprio gênero, cujo
parentesco evidente com o western norte-americano não se resume evidentemente
as cavalgadas coletivas, carruagens e tiroteios. Pelo menos uma dúzia de outras versões da
história do personagem chegaram às telas grandes ou pequenas, sendo ela particularmente popular no cinema mudo, com meia dúzia de filmes, não apenas
italianos como igualmente uma produção britânica e outra americana (dirigida
por Alice Guy). Fotovox para ICI. 80 minutos.
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