Filme do Dia: O Homem Nu (1968), Roberto Santos
O Homem Nu (Brasil, 1968). Direção: Roberto Santos. Rot.
Adaptado: Roberto Santos & Fernando Sabino, baseado no conto de Sabino.
Fotografia: Hélio Silva. Música: Rogério Duprat. Montagem: Silvio Reinoldi.
Dir. de arte: Romeu Camargo. Com: Paulo José, Leila Diniz, Esmeralda Barros,
Irma Alvarez, Ana Maria Nabuco, Osvaldo Loureiro, Íris Bruzzi, Ruth de Souza,
Jofre Soares, Milton Gonçalves.
Conhecedor do folclore brasileiro, o professor
Sílvio Proença (José) decide ir a São Paulo, participar de um congresso sobre o
tema, deixando a esposa, Mariana (Diniz), no Rio. Porém, impossibilitado de
partir, vai dormir com um grupo de boêmios que casualmente encontra no
aeroporto, na residência de Marialva (Barros). No dia seguinte, a porta bate
quando vai pegar o pão no corredor e ele fica completamente nu. A partir daí
começa uma longa e cansativa tentativa de voltar a se vestir que passa por um
armário, uma sauna, moradias improvisadas de miseráveis, oficina mecânica e a
praia. Ao retornar para casa, flagra a mulher com um amante, Gibson (Forster) e
expulsa-o, igualmente nu, da casa. Gibson, no entanto, consegue tirar proveito
do fato junto à mídia.
Tendo como mote uma situação típica
de pesadelo – como comédia de erros que gira em torno de um único desejo, pode
ser traçado um paralelo com Depois de
Horas, de Scorsese – e tendo como protagonista o mais insuspeito tipo
classe média, o filme, mesmo com alguns momentos inspirados, encontra-se
distante do episódio dirigido por Santos para As Cariocas, mesmo sendo
bem superior a refilmagem de 1997. Ao contrário da versão de Carvana, que
apenas se limita a tentar extrair humor do fato em si, o filme consegue
traduzir melhor a subliminar dimensão que vai além da mera crônica de costumes
(especialidade do produtor Fernando de Barros, enquanto cineasta) e enfatiza a
rápida transformação de um ser repleto de cultura em um semi-selvagem ansiando
pelas necessidades mais básicas. Repleto de episódios irônicos (um deles, em
que o protagonista se encontra no veículo de um taxista aloprado seria revivido
em Cronicamente Inviável), faz
uso, a certo momento, de fotos fixas, recurso muito utilizado na produção
autoral européia contemporânea. Acaba sendo prejudicado principalmente por sua
falta de concisão. Paulinho da Viola e o próprio cineasta aparecem em pontas. Wallfilmes/Pel-Mex.
118 minutos.
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