Filme do Dia: Let It Be (1970), Micheal Lindsay-Hogg
Let it Be (Let it
Be, Reino Unido, 1970). Direção: Michael Lindsay-Hogg. Com: John Lennon,
Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr, Billy Preston, Mal Evans,
Michael Lindsay-Hogg, George
Martin, Heather McCartney, Linda McCartney, Yoko Ono, Derek Taylor. Música: The
Beatles.
Os
próprios Beatles foram produtores-executivos desse documentário originalmente
filmado em 16 mm. As pretensões iniciais eram as de flagrar um novo momento da
banda, de retorno às raízes do rock que produziram no início de carreira. O
resultado tornou-se o registro dos próprios momentos finais, onde apenas há
muito custo a apatia e os desentendimentos (um deles flagrado pelas câmeras,
envolvendo McCartney e Harrisson) são superados e a pulsante energia da música
ganha vida própria. De longe o melhor projeto cinematográfico com a participação
da banda (embora, na época de seu lançamento, Os Reis do Iê-Iê-Iê de Lester tenha sido mais ousado formalmente) e
o único que flagra “ao vivo” interpretações do grupo. É dividido em três
momentos que são nitidamente demarcados por cortinas no estilo dos filmes
antigos: no primeiro, ensaios dispersos nos estúdios de filmagem de Twinckehan;
no segundo, mais afinados e contando com a presença de Billy Preston, os
ensaios prosseguem no prédio da própria gravadora; no terceiro a célebre
apresentação no terraço do mesmo edifício – a última do grupo e a primeira em
quatro anos – que é interrompida com a chegada da polícia. No repertório
basicamente canções do disco homônimo que seria lançado posteriormente como a
faixa-título, I Me Mine, Across The Universe, The Long and Winding Road, Get Back, Two of Us, I’ve Got a Feeling,
One After 909, For You Blue e Dig It são
executadas sem a presença dos controversos arranjos que o produtor Phil Spector
adicionaria ao álbum. Além das músicas que seriam lançadas posteriormente como Maxwell Silver Hammer, Octopuss Garden e Don’t Let Me Down e um medley de sucessos antigos como You Really Got a Hold On e uma
inesperada interpretação de Besame Mucho,
que apesar da conotação galhofa, parece
temporariamente reviver à época de maior integração da banda, desfazendo
momentaneamente as visíveis tensões iniciais. A reação dos transeuntes à
inesperada apresentação no terraço da Apple é um dos encantos à parte desse
documentário que soube restringir seu interesse – para a glória dos admiradores
do conjunto – aos números musicais, dispensando a tradicional narrativa off e entrevistas. Apple Corps/United Artists. 80 minutos.
Comentários
Postar um comentário