Filme do Dia: Suteneko Tora-Chan (1947), Kenzô Masaoka
Suteneko Tora-chan
(Japão, 1947). Direção: Kenzo Masaoka. Rot. Original: Tomio Sasaki.
Um
gatinho faminto e desamparado é acolhido por uma família que consiste numa gata
e três gatinhas. A chegada do novo “irmão” acaba provocando os ciúmes de uma
das gatas, que resolve abandonar a casa na surdina. Sentindo-se culpado pelo
evento, o jovem gato irá arriscar sua vida para trazê-la de volta, enfrentando
desde um cachorro até as correntezas, sendo finalmente aceito sem restrições
pela família.
A
primeira vista parecendo decepcionantemente mais convencional que seu clássico Kumo
to Chûri (1943), tanto nos traços como no enredo, nem por isso essa animação
deixa de trazer alguns dos elementos mais interessantes daquele. As canções parecem fluir dos personagens com
uma naturalidade impressionante, os movimentos dos personagens são um
espetáculo à parte, assim como a presença da natureza que, mesmo deslocada aqui
para o âmbito do local de fuga da civilização, tampouco deixa de possuir um
papel central na trama – tendo como ápice dramático, como na animação anterior,
uma cena de tempestade, cuja adversidade ruirá a resistência da gata com relação
a seu irmão mais novo; a pressuposição da divisão por gêneros se dá por conta
de, na última terça parte do filme, dominada pelos dois personagens, esse
apresentar características mais associadas com estereótipos masculinos tais
como valentia, proteção e cuidado para com um ser mais delicado. A ternura da
mãe e o fato do filme ser predominantemente marcado por uma feminilidade, numa
sociedade extremamente machista e mesmo misógina como a japonesa de então é um
dado interessante. Infelizmente Masaoka interromperia sua carreira
relativamente cedo, em 1950 (levando em conta que ele viveu até 1998). Nihon Doga/Toho. 20 minutos e 51 segundos.
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