Filme do Dia: Maridos Cegos (1919), Erich von Stroheim

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Maridos Cegos (Blind Husbands, EUA, 1919). Direção: Erich von Stroheim. Rot. Adaptado: Lilian Ducey & Erich Von Stroheim, baseado no conto The Pinnacle, de Stroheim. Fotografia: Ben F. Reynolds. Montagem: Eleanor Fried & Frank Lawrence. Dir. de arte: Erich Von Stroheim. Cenografia: Richard Day. com: Sam De Grasse, Francelia Bilington, Erich Von Stroheim, Gibson Gowland, Fay Holderness, Ruby Kendrick, Valerie Germonprez, Richard Cummings.
Em uma estância de inverno, o tenente austríaco Erich Von Steuben (von Stroheim) é um galante e oportunista conquistador, que repete a mesma prédica com todas mulheres que percebe em situação de vulnerabilidade, da garçonete à bela Margaret Armstrong (Bilington), negligenciada pelo marido médico, Dr. Armstrong (De Grasse). Von Steuben corteja insistentemente Margaret, enquanto o marido se encontrada afastado à trabalho. Após descobrir um bilhete de Von Steuben para sua esposa, Armstrong o convida para um desafio arriscado, a escalada de um dos picos mais difíceis. A tensão entre os dois homens se acentua ao alto, quando Armstrong se diz conhecedor de tudo, enquanto Margaret, desesperada, faz com que um grupo de homens parta em socorro aos dois homens.

Nessa sua estréia na direção, Stroheim já antecipa muitos dos motivos pelos quais foi posteriormente celebrizado. Talvez o que mais imediatamente se impõe é a sua própria figura, mascarada por um personagem de nome quase idêntico, hisurta e patética, em seu uniforme militar e com um monóculo, ao qual, nem ele próprio se nega espirituosamente a fazer troça – a determinado momento Von Steuben é seguido por um grupo de crianças que imita sua rigidez marcial e pomposa. Outro elemento é o do desejo carnal, mesmo que aqui mais controlado aos ditames da indústria, do que se veria em algumas de suas produções posteriores, assim como situações-limites, nas quais os instintos primários também emergem, como o momento no cume da montanha, antecipador de seu clássico Ouro e Maldição. Porém, o que talvez mais chame a atenção, para além das deliciosas interpretações – sobretudo de Gibson Gowland, como o montanhês que faz a figura do duplo do espectador, sendo a única personagem a ter aparente consciência de tudo o que se passa – é o magnífico senso de ritmo que acaba demonstrando sua virtuosidade diante da banalidade de seu tema. Universal Film Manufacturing Co. 91 minutos.

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