Filme do Dia: Caminhos Perigosos (1973), Martin Scorsese


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Caminhos Perigosos (Mean Streets, EUA, 1973). Direção: Martin Scorsese. Rot. Original:  Martin Scorsese & Mardik Martin, a partir do argumento de Scorsese. Fotografia: Kent L. Wakeford. Montagem: Sidney Levin. Com: Harvey Keitel, Robert De Niro, David Proval, Amy Robinson, Richard Romanus, Cesare Danova, Victor Argo, George Memmoli.
Charlie (Keitel) trabalha para o tio gangster, envolvendo-se com uma garota, Teresa(Robinson), que o tio desaprova por ser epiléptica e tendo como melhor amigo, seu primo, Johnny Boy (De Niro), arruaceiro inverterado de tendências psicóticas. As atitudes de Johnny Boy fazem com que ele seja marcado para morrer, deixando Charlie numa situação bastante difícil. Juntamente com Teresa e Johnnny Boy ele improvisa uma fuga para o Brooklyn, mas seu carro é abordado antes de lá chegar.

Esse filme, provavelmente o melhor do realizador, consegue guardar um frescor, sobretudo em sua primeira metade, que capta como poucos a atmosfera do Little Italy nova-iorquino, repleto de prédios populares e inferninhos, drogas, prostituição e violência (ironicamente recriada em sua maior parte em Los Angeles). A dupla vivida por Charlie e Johnnie Boy pode ser considerada como os “primos ultra-pobres” do estilo charmoso de Brando em O Poderoso Chefão e os “primos pobres” do chefão que é representado pelo tio de Charlie. Seu estilo visual pseudo-documental e algumas interpretações e situações semi-amadorísticas também traem uma aproximação tanto com a Nouvelle Vague de Godard e Truffaut quanto com o nonsense etílico de vários momentos dos filmes de John Cassavetes, antecipando uma apropriação cool e pós-modernas do mesmo por realizadores posteriores como Quentin Tarantino (que não por acaso faria uso de Keitel em seu filme de estréia, Cães de Aluguel). A dimensão de culpa, religiosidade e submundo tornar-se-iam recorrentes na filmografia de Scorsese, sendo que o próprio Keitel viveria seu mesmo personagem, de forma mais “radicalizada”, no inferior Vício Frenético (1992), de Abel Ferrara. Uma certa sensação de não se saber exatamente o que se está se passando, graças em grande parte ao uso de elipses permeia o filme e, guardadas as devidas proporções, seu uso das canções populares e de ambientes do bas-fond com certo humor, mas destituído propriamente de cinismo, pode sugerir aproximações com O Bandido da Luz Vermelha via Godard. O título original provém do trecho de uma sentença extraída da obra de Raymond Chandler.  Alguns dos elementos aqui apresentados derivariam em cacoetes pouco interessantes na filmografia do realizador, incluindo muitos dos histrionismos de Robert De Niro. Warner Bros. Pictures/Taplin-Perry-Scorsese Prod. para Warner Bros. Pictures. 112 minutos.

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