Filme do Dia: O Morro dos Ventos Uivantes (1939), William Wyler
O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights, EUA, 1939). Direção:
William Wyler. Rot. Adaptado: Charles MacCarthur & Ben Hecht, baseado no
romance de Emile Bronté. Fotografia: Gregg Toland. Música: Alfred Newman.
Montagem: Daniel Mandell. Dir. de arte:
James Basevi. Cenografia: Julia Heron. Figurinos: Omar
Kion. Com: Laurence Olivier, Merle Oberon, David Niven, Flora Robson, Donald
Crisp, Geraldine Fitzgerald, Hugh Williams, Leo G. Carroll, Cecil Kallaway, Rex
Downing, Sarita Wooton, Douglas Scott.
Idos
do século XIX. Vivendo juntos desde crianças, quando o pai de Cathy (Wooton),
Sr. Earnshaw (Kallaway) trouxe Heathcliff (Downing) para uma família feliz,
apesar do despeito do irmão de Cathy, Hindley (Scott). Após a enfermidade e morte
do Sr. Earnshaw, no entanto, o ainda infante Hindley se torna um verdadeiro
tirano rebaixando Heathcliff a categoria de mero cocheiro. Com o passar dos
anos, a atração entre Cathy (Oberon) e Heathcliff (Olivier) continua intensa,
porém dada a extrema disparidade social entre ambos, Cathy casa-se com o
aristocrata Edgar Linton (Niven). Heathcliff retorna e compra o Morro dos Ventos Uivantes, cenário de sua paixão juvenil,
transformando o alcoólatra Hindley (Williams) em seu mero agregado. Repleto de rancor por sua rejeição,
Heathcliff se vinga não apenas se inserindo no círculo social dos Lintons, como
casando com a irmã de Edgar, Isabella (Fitzgerald), que não percebe que fora
apenas um joguete na relação de amor impossível e frustração entre Heathcliff e
Cathy. Após anos de casamento infeliz, Heathcliff visita Cathy em seu leito de
morte, onde ambos declaram pela última vez o seu amor.
Essa que a adaptação justamente mais célebre de Bronté é um
dos melhores filmes da carreira de Wyler. Contando com a fluidez visual,
profundidade de campo e os cenários mais realistas que apresentam o teto que
tornariam célebre Cidadão Kane,
fotografados não por acaso pelo mesmo Gregg Toland, o filme se beneficia da
magistral interpretação de Olivier em sua vingança de ressentido social e
afetivo por conta do amor eterno perdido. Narrado pela criada de Cathy, Ellen,
para um passante, nem o pretenso final feliz literalmente fantasmático que une
as almas do casal consegue diluir a bem mais interessante descrição das estratégias
do protagonista para se vingar e se aproximar de sua amada. Aqui, como em boa
parte da tradição melodramática e romântica – acentuada pela trilha sonora
onipresente de um dos mestres do gênero, Newman - enfatiza-se o conflito entre
os imperativos do meio social e os chamados dos sentimentos “verdadeiros”,
únicos capazes de justificar uma existência para além de trivial ou desgraçada.
Um dos recursos que Wyler utiliza com êxito é o dos primeiros planos um pouco
mais prolongados nos rostos de Olivier e Oberon, conseguindo transmitir uma
dimensão etérea ao amor do casal raramente entrevisto na produção habitual
contemporânea. Apesar da produção majestosa, com direito igualmente a cenas de
baile, o filme consegue uma densidade maior que o contemporâneo ...E O Vento Levou. John Huston, ainda
que não creditado, colaborou no roteiro. The Samuel Goldwyn Co. para United
Artists. 103 minutos.
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