Filme do Dia: Irma La Douce (1963), Billy Wilder
Irma La Douce (EUA, 1963). Direção:
Billy Wilder. Rot. Original: Billy Wilder & I.A.L Diamond. Fotografia:
Joseph LaShelle. Música: André Previn & Marguerite Monnot. Montagem: Daniel
Mandell. Dir. de arte: Alexandre Trauner. Cenografia: Maurice Barnathan &
Edward G. Boyle. Figurinos: Orry-Kelly. Com: Jack Lemmon, Shirley MacLaine, Lou
Jacobi, Bruce Yarnell, Herschel Bernardi, Hope Holyday, Joan Shawlee, Grace Lee
Withney.
Nestor (Lemmon) é o guarda novato que se
escandaliza com a aberta prostituição que encontra em La Halles, bairro popular
de Paris. Ele prende um grupo de prostitutas, porém para seu azar o seu
superior, Inspetor Lefevre (Bernardi), se encontrava entre os clientes.
Despedido, Nestor se apaixona por uma das prostitutas, Irma (MacLaine), que
passa a respeita-lo, assim como toda a comunidade local, após ele derrotar o
cafetão de Irma, Hippolyte (Yarnell). Para tentar retirar Irma do mundo da
prostituição, Nestor finge se passar por um respeitável e impotente aristocrata
inglês, Lord X, trabalhando arduamente no mercado para conseguir o dinheiro que
paga de uma vez só a Irma, para que ela não tenha mais contato com nenhum outro
homem. Seu parceiro na tramóia é Moustache (Jacobi), o dono do bistrô
freqüentado por rufiões e prostitutas. O cansaço despendido para conseguir
levar adiante a farsa faz com que Irma desconfie de que está sendo traída por
Nestor. Para piorar sua situação, um rufião acredita ter testemunhado a morte
de Lorde X pelas mãos de Nestor, que é preso. Após fugir da prisão, Nestor se
casa com uma Irma a ponto de ter o filho, depois de ter encenado o retorno de
Lorde X das águas do Sena.
Essa fase da carreira de Wilder,
repleta de comédias saudadas por alguns como transgressoras e anárquicas, à
exceção da mais elaborada Se Meu Apartamento Falasse (1960), igualmente
com a dupla Lemmon&MacLaine, apresenta o franco declínio da carreira do
cineasta e uma tendência a repetição de fórmulas desgastadas. Toda a narrativa
do filme, filmado com cores berrantes como os cartazes coloridos de
Toulouse-Lautrec, reapresenta motivos do cinema clássico, sobretudo a comédia
muda, seja na figura do policial chapliniano interpretado por Lemmon no início
ou uma menção aos Keystone Cops, quando apela ao velho uniforme no momento em
que os policiais revistam o apartamento de Irma a procura dele. Da mesma forma,
o drama da moça indefesa que precisa de uma figura masculina e protetora para
se reerguer se encontra tanto nas comédias de Chaplin quanto nos melodramas de
Griffith. O resultado final, no entanto, é comprometido pela adesão completa ao
burlesco, quando justamente a inserção de elementos realistas é que tornava
acima da média o filme anterior. Não menos desinteressante é a repetição dos
tipos vividos por Lemmon (um apatetado, solitário e protetor homem de bom
coração) e MacLaine (uma garota doce e aparentemente descolada, que encobre uma
legítima vítima da perversidade masculina). A personagem de MacLaine parece ser
feita sob medida para Marilyn Monroe, porém as dificuldades que teve nas duas
outras produções com a atriz fizeram com que Wilder mudasse de idéia. Diversas
referências às produções do momento são feitas na boca de Lord X, recurso que
Wilder já utilizara em O Pecado Mora ao Lado, assim como a mais
extravagante das prostitutas é uma caricatura da Lolita de Kubrick
tendo, inclusive, o mesmo nome. Refilmado para a TV em 1972 e adaptado pelo
cinema indiano em 1974. Mirish Co./Phalanx Productions para a MGM. 143 minutos.
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