Filme do Dia: Noites de Lua Cheia (1984), Eric Rohmer
Noites de Lua
Cheia (Nuits de la Pleine Lune,
França, 1984). Direção e Rot. Original: Eric Rohmer. Fotografia: Renato Berta.
Música: Jacno & Elli Medeiros. Montagem: Cécile Decugis. Dir. de arte e
Figurinos: Pascale Ogier. Com: Pascale Ogier, Tchéky Kario, Fabrice Luchini,
Virginie Thévenet, Christian Vadin, Lászlo Szabó, Lisa Garneri, Matthieu
Schiffman, Anne-Séverine Liotard.
Na província, Louise (Ogier),
recém-formada em artes, inicia sua carreira profissional como decoradora de
interiores, ao mesmo tempo que vivencia um novo período em sua relação com o
namorado Remi (Karyo), tenista que não a acompanha para suas noitadas. Durante
uma noite de festa, Remi surge inesperadamente e um conflito acontece. Louise
chega a apresentar Camille (Thévenet) para o namorado e diz que ela se encontra
interessada em sair com ele. Louise reforma seu apartamento em Paris, onde
pretende se estabelecer quando voltar das festas. O namorado, embora
inicialmente relutante, concorda. Louise afirma ao namorado que se o trair é
sinal de que já não merecem mais permanecer juntos e contará tudo a ele. Por
sinal, ela é constantemente cortejada pelo amigo Octave (Luchini), mas ressiste
aos seus avanços. Certa noite, quando se encontra ao lado de Octave, esse acredita
ter visto Camille com Remi, deixando Louise desconfiada. Numa noite Louise mantém
uma relação impelida somente pela atração sexual com Bastien (Vadim).
Sentindo-se extremamente culpada após o sexo, ela nem mesmo consegue voltar ao
seu apartamento, decidindo esperar em um bar pelo trem que a levará de volta ao
namorado. Porém, quando chega em casa, percebe que Remi não se encontra. Ele
chega pouco depois e afirma que não só está mantendo uma relação com uma amiga
de Camille, Marianne (Liotard), como decidiu que é com ela que pretende manter
uma relação amorosoa. Desesperada, Louise marca um encontro com Octave.
Rohmer apresenta mais uma vez outra de
suas fábulas morais – inserida em sua série Comédias
e Provérbios, nas quais há sempre um hiato enorme entre o que os personagens
tentam representar para os outros e para si mesmos e suas estruturas psíquicas
mais profundas, nesse sentido desdobrando o modelo que o cineasta iniciou com A Colecionadora (1967). No caso em
questão, a protagonista apresenta sua necessidade de espaço como sinônimo de
sua independência e autonomia emocional quando, na verdade, ela própria percebe
que não consegue viver sem ter uma pessoa ao lado a desejando – partiu de um
relacionamento afetivo recém-acabado para o que vivencia com Remi e, quando
esse demonstra que não mais pretende continuar com ela, imediatamente busca
socorro em Octave, a quem recusava enfaticamente. Trabalhando usualmente com
atores desconhecidos e centrando sua atenção sobretudo aos diálogos e emoções
de seus personagens, o cineasta se afasta dos cacoetes narrativos que
geralmente acompanham dramas como os seus, secundarizando o enredo e efeitos
dramáticos fáceis como o apelo a uma trilha sonora ilustrativa dos momentos de
tensão e relaxamento. Les Films Ariane/Les Films du Losange.
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