Filme do Dia: O Fugitivo de Santa Marta (1950), Joseph Losey
O Fugitivo de Santa Marta (The Lawless, EUA, 1950). Direção: Joseph Losey. Rot. Adaptado: Daniel Mainwaring, baseado no
próprio romance The Voice of Stephen Wilder. Fotografia: J. Roy Hunt. Música:
Mahlon Merrick. Montagem:
Howard A. Smith. Dir. de arte: Lewis H.
Creber. Cenografia: Alfred Kegerris. Com: Macdonald Carrey, Gail Russell, Johnny
Sands, Lee Patrick, John Hoyt, Lalo Rios, Maurice Jara, Walter Reed.
Usualmente explorados no trabalho de
colheita de frutas, já que são
imigrantes mexicanos, Lopo Chavez (Jara), assim como o amigo Paul
Rodriguez (Rios), decidem não trabalhar no sábado e irem ao baile. No caminho esbarram com um carro de
dois jovens americanos de classe média. Um deles é Joe Ferguson (Sands), filho
de um importante juiz, que possui uma visão da necessidade de integração entre
culturas e classes distintas. Uma briga se inicia, após um dos americanos ter
ofendido verbalmente os rapazes e logo é interrompida pela polícia. O jornalista
independente e respeitado Larry Wilder (Carey), que montou seu próprio jornal
em uma localidade próxima vai até Santa
Marta cobrir o baile. Lá encontra uma jornalista local, bastante interessada na
comunidade, Sunny Garcia (Russell). Porém a quietude do baile é rompida com a
chegada de Joe Fergueson e sua turma. Joe é esmurrado por Lopo quando assediava
uma garota. Uma briga se generaliza e, no meio da confusão, Lopo agride um
policial e foge. Os rapazes são levados
a delegacia, onde o pai de Joe, Ed Fergueson (Hoyt), paga a fiança de todos.
Enquanto isso Lopo é seguido e capturado, porém novamente foge após acidente
com a viatura que era transportado, vitimando um policial. Incensado pela
imprensa como de alta periculosidade, Lopo é perseguido e quase linchado.
Wilder, que lhe dera cobertura, tem a sede de seu jornal arrasada. Desistindo
de morar no local, mesmo com o apoio que Ed Fergueson estava disposto a lhe
dar, Wilder muda de idéia após conhecer a acanhada sede do jornal local de
Santa Marta, que Sunny trabalha.
O filme é um dos primeiros a demonstrar
que as preocupações sociais se sobrepõem às convenções dos gêneros tradicionais
hollywoodianos, em uma série de filmes da década. Seu tom liberal, próximo do
de Richard Brooks e Samuel Fuller, chega a ser quase didático e excessivo, hoje
soando ridículo personagens como Ed Fergueson, como o liberal de classe média
esclarecido. Esse personagem, assim como – e principalmente – o do protagonista
jornalista parecem espelhar, sem muita sutileza, um certo bom mocismo de
esquerda, que encontra paralelo em certos cineastas do Cinema Novo brasileiro
da primeira metade da década de 1960, com sua visão excessivamente idealizada e
romântica da sociedade. Uma das características que se tornariam marcantes na
obra de Losey, como o seu interesse por figuras marginais, já se encontra aqui
presente. A perseguição que o
protagonista sofre pode também ser entendido como uma analogia aos anos de
Macartismo nos EUA, do qual o próprio cineasta se tornaria vítima. Paramount
Pictures. 83 minutos.
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