Filme do Dia: Alcazar (1940), Augusto Genina
Alcazar (L’Assedio
dell’Alcazar, Itália/Espanha, 1940). Direção: Augusto Genina. Rot. Original:
Augusto Genina & Alessandro De Stefani, baseado no argumento de Augusto
Genina, Alessandro De Stefani, Pietro Caporilli & Ugo Betti. Fotografia:
Francesco Izzarelli, Vincenzo Seratrice & Jan Stallich. Música: Antonio
Veretti. Montagem: Fernando Tropea. Cenografia: Gastone Medin. Com: Fosco
Giachetti, Mireille Balin, María Denis, Rafael Calvo, Carlos Muñoz, Aldo Fiorelli, Andrea Cecchi,
Carlo Tamberlani.
O Coronel Moscardó (Calvo) toma parte pela defesa das quase
duas mil pessoas sitiadas em um mosteiro em Alcazar, em plena Guerra Civil Espanhola,
em iminência de serem mortas pelo ataque das forças revolucionárias, partindo
com seus rapazes, inicialmente treinados para competir nos Jogos Olímpicos de
1936, para o local. Lá, uma das lideranças militares, o compenetrado Capitão
Vela (Giachetti) envolve-se afetivamente com a bela Carmen Herrera (Balin),
enfermeira que auxilia as vítimas no mosteiro. O cerco a Alcazar se prolonga
por semanas, sendo o mosteiro constantemente vítima de bombardeios, mas a
população civil e militar resiste bravamente até a chegada das tropas
nacionais que consegue conter os simpatizantes do comunismo.
Talvez ainda mais do que em outras produções dirigidas por
Genina, tais como Bengasi, esse
filme se ressinta do seu teor explicitamente de propaganda. Tudo isso, somado a
precariedade técnica que procura simular a paisagem aérea de Alcazar a partir
de uma foto fixa ou a evidente maquete que compõe o mosteiro de Alcazar, sem dúvida
serve como fortes candidatos ao riso involuntário. Porém, o tom de propaganda e
a forma primária como é explorado, em termos dramáticos, destaca-se em um filme
que também apresenta valores de produção, presentes na quantidade de extras,
para não falar de uma recusa a se centrar somente nos personagens do drama
afetivo mais convencional que parece antecipar em alguma medida o senso de
“coralidade” da trilogia que Rossellini dirigiu durante o fascismo. Dito isso, o
filme parece, no final das contas, ser um compósito de cenas que disputam o
favoritismo no humor involuntário. Pode ser o momento em que o Coronel,
emocionado, despede-se do filho que foi sequestrado pelos guerrilheiros
anti-franquistas, afirmando que ele deve morrer bravamente pela pátria. Ou
ainda o pânico provocado pelo primeiro bombardeio ao mosteiro ou o casamento de
uma das personagens com um soldado moribundo, que provoca uma comoção
generalizada digna de novela mexicana. Para não comentar toda a vilania dos
“esquerdistas” sem coração que sequestram a amada de um dos soldados
franquistas, e que se riem dos gritos desesperados dela para o seu amado. A
forte presença da influência da igreja como aliada das forças franquistas,
apresentada em vários momentos do filme, incluindo uma missa acompanhada com
fervor por mulheres, homens e crianças (e relativamente bem construída em
termos dramáticos) demonstra que já vai longe o tempo em que o fascismo
apresentara sua face anti-clerical na própria Itália. Film Bassoli/Ulargui
Films para ICI. 104 minutos.
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