Filme do Dia: O Beijo (1965), Flávio Tambellini
O Beijo (Brasil, 1965). Direção: Flávio
Tambellini. Rot. Adaptado: Glauco Couto, baseado na peça de Nélson Rodrigues.
Fotografia: Alberto Attili & Amleto Daissé. Montagem: Luiz Elias &
André Paluch. Dir. de arte: João Maria dos Santos. Com: Reginaldo Farias, Jorge
Dória, Liana Duval, Jorge Cherques, Norma Blum, Xandó Batista, Fregolente, Raul
da Mata, Betty Faria.
Armandir (Farias) é o respeitável e
carinhoso esposo de Selminha (Duval), que leva uma vida tranqüila até resolver
beijar um homem agonizante na rua, sendo observado por seu genro Aprígio
(Cherques). O drama de familiar se torna público quando o inescrupuloso
jornalista Amado (Dória), se alicia a um delegado de polícia (Fregolente), para
afirmar que não apenas Armandir era amante da vítima, como não se tratara de um
acidente, mas de homicídio. Acuado por tudo e todos, Armandir foge de casa e
recebe a visita da irmã da esposa, Dália (Blum), que se encontra apaixonada por
ele e lhe afirma que o pai era obcecado por ele. Logo após, Aprígio chega e
assassina Armandir, recebendo a vítima o beijo de Dália.
Essa adaptação da peça de Rodrigues,
que voltaria a ser levada às telas em 1980 por Bruno Barreto, possui diversas
limitações, tanto narrativas quanto estilísticas. Ao se apoiar em um estilo que
faz referências ao gótico (tendo sido Tambellini o roteirista do filme gótico
por excelência de nossa cinematografia, Ravina, de Rubem Biáfora), não
consegue ser convincente. Pior, em termos narrativos, a escolha por dar um
papel de maior destaque ao jornalista, inclusive acentuando todo seu drama
pessoal ligado a morte acidental do filho, ausentes da segunda versão, desloca
um tanto quanto o foco do drama familiar e das relações incestuosas que são a
maior força da obra em questão. Nesse sentido, talvez seja exemplar a inserção
de uma longa seqüência em que Betty Faria faz sua estréia no cinema,
completamente deslocada da trama em si, e não tendo outro motivo que apresentar
o apelo da atriz em questão, já que o próprio personagem aparece e desaparece
sem dizer a que veio. Por fim, talvez igualmente por pressão da moral da época,
a atenuação da dimensão incestuosa sugerida na relação entre pai e filha e de
Dália com relação ao cunhado, não sendo suficientemente enfatizada, o que tira o
vigor tanto da construção dramática quanto do desenlace final, sendo que aqui o
beijo entre o pai e Arandir é substituído pelo de Dália. A utilização de
pinturas como as de Brueghel, interessantes ao serem utilizadas na abertura e a
certo momento em que ocorre um diálogo entre os personagens, soa extremamente
caricata ao retornar no encerramento do filme. Cia. Cinematográfica Serrador.
78 minutos.
Nossa, nunca ouvi falar. Estou precisando estudar mais.
ResponderExcluirMovies Eldridge
http://movieseldridge.blogspot.com.br
Pois é! E por outro lado, quanto mais se estuda, mais se percebe que tem tanta coisa que a gente não conhece...são tantos filmes, de tantas nacionalidades, de tantos períodos distintos...
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