Filme do Dia: O Galante Aventureiro (1940), William Wyler
O
Galante Aventureiro (The Westerner,
EUA, 1940). Direção:
William Wyler. Rot.Original: Niven Bursch & Jo Swerling, sob argumento de
Stuart N. Lake. Fotografia: Gregg Toland. Música:
Dimitri Tiomkin. Montagem: Daniel
Mandell. Dir. de arte: James Basevi. Cenografia: Julia Heron. Com: Gary Cooper, Walter
Brennan, Doris Davenport, Fred Stone, Forrest Tucker, Paul Hurst, Chill Wills,
Lilian Bond.
Em um Texas recém-colonizado por caubóis, um grupo de
agricultores recém-chegados acaba sendo hostilizado pelos moradores locais,
comandados pelo “juiz” local, o dono da taverna Roy Bean (Brennan). Os
vaqueiros afirmam que os agricultores ocupam a região que era pasto para o gado
deles. Os agricultores que o gado invade suas plantações. A situação parece
mudar de figura com a chegada do caubói Cole Harden (Cooper). A muito custo,
Harden consegue aparentemente conciliar os dois grupos, a partir da fixação de
Roy Bean por uma atriz de teatro, Lily Langhty (Bond). Harden se apaixona por
Jane Ellen Matthews (Davenport), uma das vítimas da truculência do Juiz. A paz
não dura muito, no entanto. Enquanto a comunidade comemora o sucesso do cultivo
de trigo, asseclas de Roy Bean incendeiam as plantações e as casas dos moradores,
provocando a morte do pai de Jane Ellen. Os agricultores, desestimulados, partem.
Jane Ellen decide ficar, mas não aceita mais o amor de Harden, que acredita se
encontrar do lado de Roy Bean. Muito próximo daquele, Harden descobre que fora
realmente Roy Bean o mentor intelectual do incêndio. Indignado se transforma em
xerife de uma cidade próxima e quando Roy Bean compra todos os ingressos do
teatro para ver Langhty, mata-o. Harden se casa com Jane Ellen e os
agricultores aos poucos retornam à região.
Wyler se aventura pelo universo do western, conseguindo um resultado final que fica no meio termo
entre a exaltação de convenções do gênero (como a onipresente referência ao
deserto que se civiliza em jardim) e um mais interessante e provocativo olhar
para as situações cotidianas que o aproximam mais de reatualizações modernas do
gênero como as efetuadas por Arthur Penn duas décadas após. Nesse sentido, é
digno de nota a descrição do início da amizade entre Roy Bean e Harden, em tons
homo-eróticos (os dois acordam juntos na mesma cama após excessos com a bebida)
e o vagar dos planos, pouco preocupado em apresentar de imediato o que será
verdadeiramente importante para a trama. Assim como a sutil ironia que
acompanha diversas das situações apresentadas. A metade final, bem mais
convencional, ainda assim será surpreendente. De fato, quando se acredita que o
protagonista vivido por Cooper será a consciência capaz de dirimir os conflitos
entre caubóis e agricultores por conta
dos horizontes mais amplos, demonstrando sua virtude ao se sobrepor a sua
própria condição de caubói e aventureiro para tentar compreender o “ponto de
vista” do outro lado, tornando-se o verdadeiro juiz, a reação se dá de modo
covarde. Ou seja, fica mais que evidente ao final que tanto o protagonista
quanto o próprio filme abraçam o universo dos agricultores como o que
verdadeiramente semeou a lei e a ordem no Velho Oeste, sendo a “domesticação”
de Harden ao final, que esquece dos planos de seguir viagem para a Califórnia,
a maior prova disso. A partir do momento que resolve finalmente abraçar o
universo dos agricultores, unindo-se a Jane Ellen, fica evidente que não só não
há conciliação possível entre os dois universos, como o dos vaqueiros se
encontra em vias de se tornar obsoleto e cada vez mais marginal. Mesmo que
ainda exista, evidentemente, uma herança ambígua que não deixa de inquietar e
comover Harden no momento que ele assassina Roy Bean, como se tivesse matando
um pouco de si mesmo (algo que seria retrabalhado, de forma mais
auto-consciente e complexa por John Ford em filmes como Rastros de Ódio e traduzido para o universo de poder brasileiro de
modo bastante original por Glauber Rocha em Deus e o Diabo na Terra do Sol). A escritora Lílian Hellman
colaborou no roteiro, ainda que seu nome não surja nos créditos. Também
conhecido como A Última Fronteira. The Samuel Goldwyn Co. 100 minutos.
Eu preciso dar mais atenção a filmografia do Wyler.
ResponderExcluirMovies Eldridge
http://movieseldridge.blogspot.com.br/
ele tem vários filmes interessantes, vários meia-boca também...inevitável para alguém com filmografia tao extensa.
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