Filme do Dia: Berkeley in the Sixties (1990), Mark Kitchell
Berkeley in the Sixties (EUA, 1990).
Direção: Mark Kitchell. Rot. Original: Mark Kitchell, Susan Griffin &
Stephen Most. Fotografia: Stephen Lighthill.
Montagem: Veronica Selver.
Documentário
que ilustra em retrospecto que avança temporalmente a crescente radicalização
política que surge num dos bastiões da influente e rica elite norte-americana
ao longo dos anos 1960, a Universidade de Berkeley. Suas principais fontes são
a narração over, depoimentos de militantes do período que tiveram um papel
atuante e uma farta metragem de filmes de arquivo. A narrativa se inicia em
1960, quando irrompem manifestações para o direito de se expressar livremente
na universidade, após intervenção policial e avança até o final da década
quando se acompanha conexões mais amplas com a contra-cultura e os Panteras
Negras, assim como os distúrbios da convenção democrata de Chicago de 1968 e,
no caso específico de Berkeley, a construção e posterior interdição do Parque
do Povo. Talvez o que mais se ressinta esse documentário seja de seu formato já
bastante explorado que intercala entrevistas e imagens da época, e o áudio das
mesmas eventualmente sobre as imagens do período, assim como – e principalmente
– a falta de reflexão maior sobre o efetivo sentido político do apresentado e
seu legado. Talvez um dos poucos momentos efetivamente interessantes seja
justamente o que a montagem contrapõe de modo seguido a fala do filósofo John
Searle, que comenta em tom crítico a existência de um grande emocionalismo
esvaziado de propostas concretas logo seguido pelo mais emocionado depoimento
de todos, de um ex-militante que afirma que muitas das liberdades e direitos
conquistados se deve ao período, de certa forma dando sentido a sua própria
trajetória e existência. Ambos, provavelmente, têm seu quinhão de razão. Faltou
talvez justamente explorar com mais intensidade essas visões conflitantes. A
própria apresentação da fala do militante após a de Searle já diz muito da perspectiva
com a qual o documentário é mais simpático, assim como a posição praticamente
isolada do filósofo. Caso tivesse ousado ir além nessa contraposição
conseguisse ir alem do relato memorialista e de suas impressões individuais e
conseguisse fazer jus a um momento político e social tão rico. Kitchell
Filmsd/P.O.V. para California Newsreel. 117 minutos.
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