Filme do Dia: Era Noite em Roma (1960), Roberto Rossellini
Era
Noite em Roma (Era Notte a Roma,
Itália, 1960). Direção: Roberto Rossellini. Rot. Original: Sergio Amidei, Diego
Fabbri, Brunello Rondi & Roberto Rosselini. Fotografia: Carlo Carlini.
Música: Renzo Rossellini. Dir. de arte: Flavio Mogherini. Figurinos: Elio
Constanzi. Com: Giovanna Ralli, Renato Salvatori, Leo Genn, Sergei Bondarchuk,
Peter Baldwyn, Paolo Stoppa, Enrico Maria Salerno, Hannes Messemer, Laura
Betti.
Ex-prisioneiros de campos de concentração vagam pela Itália
em busca de guarida, pois os alemães estão dispostos a não só recapturá-los
como matar quem lhes dê guarida. Esperia
(Ralli), oferece guarida para três deles, o soviético Fyodor (Bondarchuk), o
americano Peter (Baldwyn) e o britânico Michael (Genn). Ela é namorada do
membro da resistência Renato (Salvatori). Porém, logo a casa de Esperia se
torna visada, quando um porteiro observa Fyodor entrar sorrateiramente no
prédio. Boa parte do grupo é presa, Fyodor assassinado à queima-roupa no
momento da prisão, sendo esse o mesmo fim que terá Renato. Os dois únicos que
conseguem escapar do cerco são Michael e Peter. Eles se refugiam em um
convento, através da intervenção do filho do Príncipe Alessandro Antoniani
(Stoppa). Esse possui relações próximas com o general alemão Von Kleist
(Messemer). Peter consegue partir. Michael é descoberto por um espião, o que provoca
a morte de vários padres. Michael retorna à casa de Esperia. O espião chega e
pretende voltar a fazer chantagem com ela, mas é morto por Michael. Eles chamam
o Padre, para tentar conseguir algum plano para desaparecer o cadáver. Esperia
confessa que ela própria fora espiã, na intenção de tentar salvar Renato.
Quando ouvem um alvoroço e pensam que se trata da chegada novamente dos
nazistas, sabem que os aliados
finalmente conquistaram Roma.
Praticamente todos os elementos que compõe o enredo do clássico tido como fundador do
Neo-Realismo, Roma: Cidade Aberta
(1945), voltam a se fazer presentes 15 anos após: heróis da resistência (no
caso aqui, de diversos países) e credos ideológicos distintos; a nobre resistência de membros da Igreja, que pagam caro por isso; a perda do objeto
de amor da protagonista; a conivência vil de alguns oportunistas delatores
italianos. Mesmo tanto tempo depois, Rossellini ainda insiste em fazer da
Igreja, enquanto instituição, e não alguns membros isolados, uma paladina na
luta contra o nazi-fascismo. E também inclui no rol membros da aristocracia.
Pior que isso, no entanto, de longe é se constatar que ao contrário de Roma: Cidade Aberta, tudo parece bem mais – e mal – conformado a
uma lógica de roteiro convencional, perdendo todo o viço que aquele possuía.
Não faltam, inclusive, momentos francamente decepcionantes, em termos de
sentimentalismo clichê, como a celebração da noite de natal e outros que podem
ser percebidos quase como de patética auto-referência: no caso, a indignação de
Esperia ao testemunhar o assassinato do soviético. Visualmente tampouco o filme
chega a ser memorável, com seus excessivos zoons, típicos não apenas dos filmes
que o realizador dirigiu no período, como do cinema em geral da época. Tem-se a
nítida impressão de um projeto que, como Vanina Vanini, não se enquadra na coerência
que permeia momentos diversos da carreira do realizador, como os filmes que
realizou durante o fascismo, os filmes neo-realistas, os dramas existenciais
que realizou com Ingrid Bergman ou, posteriormente a esse, as biografias de homens
célebres que dirigiu para a TV. International Goldstar/Dismage. 138 minutos.
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